O Beijo “diferente” da TV ou A porta aberta para a ignorância!

Fotos: Reprodução
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Eu tinha prometido pra mim mesmo que não ia tocar nesse assunto, justamente pra não dar mais importância a esse tipo de coisa, mas eu não consigo ficar quieto, só me calo aqui, se os administradores do site pedirem para que eu não escreva sobre algum determinado assunto. Respeito muito qualquer veículo que trabalho e jamais faria, ou no caso escreveria, algo que fosse de encontro aos objetivos e valores da empresa. Porém, o que tenho pra dizer aqui, trata-se de bom senso apenas e sei que não vai ferir os valores do site, muito menos ir contra aos seus ideais. Mas é bom deixar claro, que as opiniões expressas aqui são unicamente de responsabilidade minha e caso alguém discorde, escreva pra mim com seu ponto de vista, que prometo, vou ler com o maior apreço.

Não entendo porque ainda as pessoas se incomodam tanto com a tal da homossexualidade, independente da minha orientação sexual, que acho já é óbvia para todos, minha questão aqui é bem simples: Todos sabemos que gays existem, todos sabemos que caráter não se mede através da sexualidade de ninguém, então por que não educar nossos filhos, ensiná-los a respeitar as diferenças e entender que estamos vivendo em um momento de total liberdade de expressão e comportamento? As pessoas PRECISAM se manifestar, ser o que elas são, e ninguém tem o direito de julgá-las ou dizer o que é certo ou errado. Não lhes parece óbvio isso?! Mas não, infelizmente o buraco é bem mais em baixo.

Ricardo LinharesNa semana passada a novela “Babilônia”, logo em seu primeiro capítulo, mostrou um beijo entre as atrizes Fernanda Montenegro e Nathália Timberg. Cena que aliás, foi super bem dirigida, totalmente dentro do encadeamento da trama e nada vulgar. Bastou apenas alguns segundos no ar, pra causar uma revolução virtual onde as pessoas vomitaram coisas, que sinceramente, achei que estava vivendo na idade média.

É óbvio que respeito todas as religiões, tenho amigos evangélicos super inteligentes e que entendem o contexto do mundo atual e jamais falariam uns absurdos desses, como por exemplo dizer que a Globo está desrespeitando e “destruindo” a estrutura da família convencional. Isso é de uma ignorância atroz! Afinal de contas, estamos falando de uma dramaturgia, uma obra de ficção que retrata uma realidade que não dá mais pra esconder, ela existe e está sim muito próxima de você. Se você se incomoda tanto que seu filho assista um beijo entre pessoas do mesmo sexo, converse com ele, explique que existem pessoas diferentes e que mesmo que a sua religião condene, o mundo não é uma bolha feita do concreto das paredes do seu templo. Não dá pra viver negando a existência de pessoas que são diferentes de você, fazer com que seu filho não conheça o mundo em que ele vive, é de uma crueldade absurda.

3811522022-Não quero, juro que não quero ofender ninguém, ir contra aos valores e princípios de ninguém e muito menos diminuir e desmerecer a crença de ninguém, mas a coisa está tomando uma proporção assustadora. Mudar de canal não vai resolver “o problema”, a telenovela brasileira é um reflexo de nós mesmos, quer você queira ou não, tudo ali reflete uma parcela da nossa sociedade. Independente da emissora e da programação, parem de esperar que a TV faça o seu papel de PAI e MÃE de EDUCAR. A TV foi feita para três objetivos: Entreter, Informar e Vender. Apenas isso, se você não se diverte, não se informa e nem consome absolutamente nada do que está ali, ok, desligue e pronto. Mas pelo amor de Deus ou Jeová, Buda, seja lá em quem você acredita, não permita que seu filho cresça julgando e criticando quem pensa e age diferente dele, faça isso pelo bem da sociedade futura, por favor!

Fui criado aí mesmo, em São Fidélis, meus pais não são filósofos, antropólogos, muito menos psicólogos, porém eles educaram a mim e meus dois irmãos com um valor fundamental: “RESPEITAR AS PESSOAS, SEJAM ELAS QUEM FOR”. Nos confins mais distantes das minhas lembranças de infância não me recordo em momento nenhum ouvir algum comentário preconceituoso ou maldoso saindo da boca dos meus pais. Não me lembro em nenhuma circunstância ouvir as palavras: “viadinho”, “sapatão”, “preto”, “gordo”, “magrela”, “piranha”, “vagabunda”… ou qualquer outro corriqueiro adjetivo que fosse para se referir ao filho de algum vizinho ou coleguinha de escola. Muito pelo contrário, quando em alguma problemática infantil, eu ou meus irmãos soltávamos algumas dessas, éramos prontamente repreendidos. E se contássemos que fomos ofendidos na escola, a resposta era sempre a mesma: “Deixa pra lá meu filho, eles não sabem o que dizem”. Aprendemos desde muito novinhos que as pessoas são diferentes, que ninguém é melhor que ninguém, e independente da qualquer religião ou crença, todas as pessoas tem o direto de ser o que elas quiserem ser e se manifestar como quiserem. Talvez por isso eu e meus irmãos nos relacionamos tão bem com nossos pais até hoje e temos total liberdade (as vezes até demais) de dividir com eles nossos conflitos e dúvidas. Estamos longe de sermos a família perfeita, mas tudo que sou hoje, devo a educação que tive deles.

Também não me recordo do meu pai ou minha mãe tirando a gente da sala ou desligando a TV, assistíamos tudo, líamos tudo que tínhamos vontade e quando alguma duvida surgia, era logo sanada por eles, não existia constrangimentos, não existia esse pavor de “ter um filho gay” ou qualquer outro tipo de tabu social, afinal de contas, com toda simplicidade que eles foram criados, eles sempre tiveram uma visão tão a frente do tempo deles, que hoje, olhando lá pra trás, fico muito orgulhoso de ter crescido naquela casa.

Resolvi falar sobre isso hoje, porque além do caos dessa chuva de preconceito que li na internet na última semana, chegou até mim essa “Carta de Repudio a TV Globo” vindo do Senado, aí eu parei pra pensar e constatei que realmente estamos no limite da loucura, porque ouvir bobagens de pessoas comuns incomoda, agora um “documento oficial” já tem outro peso e aumenta mais ainda o meu pavor. Claro que não vai acontecer nada com a emissora, muito menos com a novela, mas a questão é que não podemos deixar as coisas chegarem nesse lugar, é inadmissível sustentar essa ignorância. Essas pessoas estão lá para representar a sociedade como um todo, e não tomar como verdade absoluta o caráter religioso de apenas um determinado grupo.

Bom, não vou me estender muito, afinal de contas, o objetivo da coluna é divertir e não ficar falando de mim mesmo, muito menos aborrecer alguém. Então fecho aqui com os comentários de um dos autores da trama, o Ricardo Linhares, em relação ao bafafá da última semana:

“Eu acredito que a maioria dos evangélicos é formada por pessoas conscientes e respeitosas”, vivemos num país laico e democrático, onde todos têm liberdade para expressar sua opinião. Quem quer ser respeitado, porém, precisa respeitar o seu semelhante.” Linhares afirma ainda que censura, intervenção do Ministério Público ou projetos como Estatuto da Família são atitudes antidemocráticas e inconstitucionais, que revelam tendência ditatorial. “Não há mais espaço para isso na moderna sociedade brasileira”.

Assim como fez em ‘Saramandaia’, Linhares diz que ‘Babilônia’ combate a ditadura da intolerância. “Em vez de tirar os filhos da sala, os pais esclarecidos aproveitam os exemplos da trama para conversar sobre os fatos da vida, mostrando a multiplicidade de condições do ser humano e ensinando o respeito a quem pensa ou leva uma vida diferente da sua”.

Não preciso dizer mais nada, né?! Agradeço sua leitura, aguardo seu retorno e por favor, sejamos mais tolerantes. MAIS AMOR, POR FAVOR!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

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