Alguns moradores de São Fidélis estão reclamando da falta de atendimento médico no Hospital Armando Vidal (HAV). Eles relatam que procuraram a unidade, mas que não foram atendidos ou tiveram que esperar pelo atendimento por horas.
Um deles é o jovem Thyago Navega, ele conta que procurou o HAV na última quarta-feira (11/01), com dores nas costas e tosse, uma suspeita de pneumonia. Entretanto, ele não teria sido atendido, pois o médico estava saindo em uma transferência com uma gestante para Campos.
Uma senhora, que preferiu não se identificar, afirmou que estava com uma forte dor e dormência no braço e que foi avisada que o médico só estaria atendendo casos de urgência. Outro leitor disse que chegou a unidade com muita dor, mas precisaria aguardar, pois o médico de plantão só atenderia a partir das 14h.
Em entrevista ao SF Notícias, o Dr. Sebastião de Almeda Silva Neto explicou
como funciona o atendimento na emergência do Hospital e também falou sobre o número reduzido de médicos, que acaba afetando a qualidade do serviço.
“A gente atende criança, adulto, gestantes, ortopedia, mas na emergência nós somos clínicos, então o certo seria atender somente atendimento clínico. Só nisso somos falhos, aqui no hospital temos o número de um médico e dois acadêmicos que damos assistência, então não dá para ter qualidade dessa forma. Precisaríamos de no mínimo um pediatra, um ortopedista e dois clínicos” – Segundo ele, a direção do HAV já foi comunicada quanto ao número de médicos necessários.
Sobre a suposta falta de atendimento, Dr. Sebastião esclarece: “Não é que não tem atendimento, a pessoa é atendida, só não é atendida rapidamente. Por exemplo, em uma transferência, só tem um médico na emergência, o paciente chega grave, temos que correr com ele, normalmente para Campos, o que leva duas horas no mínimo. Então nessas duas horas não pode ter atendimento, porque o acadêmico não pode atender sem supervisão”.
O doutor explicou ainda que caso chegue algum paciente grave durante a ausência do clínico, o médico do CTI será acionado. “Se chegar uma emergência, não vamos deixar de atender, porque tem um médico no CTI, só que ele não pode sair de lá, pois é um setor fechado e o médico tem que estar ali 24h porque são pacientes muito graves. Então a gente cria um método para dentro do possível fazer o melhor. Seguramos um pouco os atendimentos e atendemos só as urgências” – disse.
O médico afirma também que muitos casos poderiam ser resolvidos em um posto de saúde: “Temos muitos atendimentos que classificamos como ambulatorial, que não teria necessidade de vir aqui para a emergência, seria um caso de posto de saúde, como vômitos ou uma amigdalite, por exemplo. Nesses casos pedimos para aguardar, quando não há risco de morte”.
O Dr. ressaltou ainda que como só há um médico na emergência em cada plantão, o mesmo precisa fazer pausas: “Outra questão é que como só tem um médico, temos que parar pra almoçar, é desumano se não pararmos para nos alimentar. O plantão dura 24h, se ficarmos 24h sem parar após 10h não estamos nem pensando mais. Tem uma necessidade fisiológica da gente descansar” – finalizou.