Em um desdobramento da “Operação Chorume”, realizada pela Polícia Civil e pelo Ministério Público no último dia 25, o ex-prefeito do município de Carmo, na Região Serrana do Rio, Paulo César Ladeira, acabou preso em flagrante nesta segunda-feira (29). Segundo a Polícia Civil, no sítio do político foram encontrados cerca de R$ 130 mil enterrados em tubos de PVC. Ele foi autuado por lavagem de dinheiro, na modalidade de ocultar valores oriundos de crime, com intuito de inviabilizar sua localização. A ação, em conjunto com as promotorias de Carmo e de Sumidouro, é um desdobramento da Operação Chorume. Paulo César Gonçalves Ladeira, que foi prefeito da cidade de 2013 a 2020, foi intimado a depor na delegacia, onde disse que sabia que seria investigado e pretendia esclarecer alguns fatos.
Segundo o Ministério Público, no domingo (28/03), o ex-prefeito buscou o MPRJ no intuito de colaborar com as investigações do caso de corrupção envolvendo a empresa Forte Ambiental, que fazia a coleta do lixo na cidade. Foi organizada a oitiva do ex-prefeito nas instalações da 112ª DP (Carmo), sob a condução do delegado titular, Heberth Tavares e do Ministério Público. No decorrer do depoimento, dentre outras informações relevantes para a investigação, o ex-prefeito confessou o recebimento de propina e se dispôs a apontar o local onde o dinheiro estaria enterrado em seu sítio.
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Ainda de acordo com a Polícia Civil, em depoimento, o ex-prefeito admitiu, ainda que parcialmente, ter recebido propina da empresa responsável pela coleta de lixo no município. Segundo ele, como não tinha como justificar os valores recebidos, decidiu enterrar o dinheiro em seu sítio, na zona rural de Carmo. Alertado da necessidade de ressarcir o erário, o ex-prefeito levou a equipe da 112ª DP até onde estava o dinheiro. Os agentes localizaram os pacotes, que foram enterrados em tubos de PVC. Após contagem, foi apurado que havia cerca de R$ 130 mil, em espécie.
A Operação Chorume foi deflagrada na quinta-feira (25/03) e cumpriu três mandados de prisão preventiva contra a vereadora Rita Estefânia Gozzi Farsura, da cidade de Carmo, o ex-secretário de Meio Ambiente do município, Ronaldo Rocha Ribeiro, e o empresário Murilo Neves de Moura, denunciados à Justiça por corrupção ativa, corrupção passiva, associação criminosa e prevaricação. O empresário é um dos sócios da empresa Forte Ambiental. Além dos mandados de prisão, foram cumpridos 17 mandados de busca e apreensão, nas cidades de Carmo, Campos, São Fidélis e Macaé, tendo sido apreendidos diversos telefones celulares e documentos, que passarão por perícia técnica para que se dê continuidade às investigações, a fim de identificar demais envolvidos
As investigações tiveram origem a partir de um áudio, onde ouviam-se três pessoas negociando o pagamento de propina a vereadores da cidade de Carmo, a fim de que aprovassem matéria que beneficiaria a empresa. Apurada a suposta identidade dos interlocutores, foi solicitada perícia de voz à Divisão de Evidências Digitais e Tecnologia (DEDIT) da Coordenadoria de Segurança e Inteligência (CSI/MPRJ), que confirmou as identidades das vozes. Durante as investigações, também foram identificados indícios de lavagem de dinheiro, por meio da utilização de uma outra empresa de fachada e laranja na região do norte-fluminense.