Uma das 11 cidades onde mais se pedala no país, São Fidélis é retratada no livro ‘O Brasil que Pedala’

O livro retrata a vida nos municípios onde mais se pedala no país, os motivos que os fazem ter tantos adeptos da bicicleta, hábitos e perfis de ciclistas
Fotos: SF Notícias

A “Cidade Poema”, terra de uma das melhores provas ciclísticas do Brasil, o Desafio das Montanhas, se tornou a “Cidade da Bicicleta” ao ser retratada no livro “O Brasil que pedala”. São Fidélis está entre os 11 municípios onde mais se pedala no país, sendo um dos objetos de estudo de pesquisadores e autores do livro. Além de São Fidélis, foram retratadas Gurupi (GO), Ilha Solteira (SP), Pomerode (SC), Mambaí (GO), Tamandaré (PE), Cáceres (MT), Antonina (PR), Pedro Leopoldo (MG), Afuá (PA) e Tarauacá (AC). Foi com interesse em descobrir as motivações e curiosidades do cotidiano dos ciclistas desses municípios, que uma equipe de pesquisadores e autores vinculados a organizações civis que promovem a ciclomobilidade se debruçou sobre estas cidades, com até 100 mil habitantes, para realizar entrevistas, contagens veiculares, pesquisa de perfil e caracterização de ciclistas, entre outros levantamentos para compor um mapeamento da mobilidade ativa.

Organizado por André Soares, da União de Ciclistas do Brasil, e Daniel Guth, da Aliança Bike, com prefácio de Clarisse Linke, do ITDP Brasil e apoio do Itaú Unibanco, o livro é a segunda produção da Parceria Editorial A Bicicleta no Brasil, composta pelas organizações Aliança Bike, Bicicleta para Todos, União de Ciclistas do Brasil e Bike Anjo. O livro traz diversos pontos curiosos em cada eixo e começa com um cordel dedicado especialmente para a publicação. A pesquisa aponta que um número expressivo de mulheres e crianças pedalam nestas cidades. Os resultados da pesquisa de perfil a partir das 2.208 entrevistas realizadas revelam o caráter inclusivo e humanitário da bicicleta. Pardos e negros somam 64,6% dos ciclistas nessas cidades; brancos são 31,67%. Comparando com o Censo 2010, há nesses municípios três vezes mais autodeclarantes como negros entre os ciclistas do que em relação a toda a população. Retratar a cultura da bicicleta em todos os biomas brasileiros e mostrar que ela se adapta a qualquer tipo de terreno e condições sociais também foi um desafio contemplado em O Brasil que pedala.

As curtas e plenamente acessíveis distâncias são um ponto em comum entre os municípios. Para 63,6% dos entrevistados as viagens não superam 20 minutos de pedalada. A pesquisa revela que mais de um terço (34,3%) deles começou a pedalar porque a bicicleta “é mais rápida e prática”. Para 27,3%, o motivo principal é a economia deste meio de transporte. Para outros 22% dos ciclistas, o principal motivo é a saúde. Os números revelados nas pesquisas, no entanto, dão um gosto amargo no relato do cotidiano dessas cidades. Ficou claro, segundo a obra, o efeito pernicioso de políticas públicas, que há décadas estimulam o aumento da presença de motores sobre duas ou quatro rodas nas ruas desses municípios. O Brasil que pedala chama a atenção para o aumento de motocicletas e motonetas. Além de alerta, ele é uma homenagem à cultura da bicicleta, que segue resiliente país afora.

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