
Muitos fidelenses guardam consigo verdadeiras relíquias. Registros históricos que contam a nossa história, imagens espetaculares. Algumas dessas fotografias foram vistas por poucas pessoas, mas agora elas ganham repercussão ao serem compartilhadas nas redes sociais. Em um grupo no Facebook, moradores de São Fidélis se uniram para relembrar o passado do município. Imagens de figuras ilustres, de lideranças políticas, de casas antigas, da festa da lagosta e outros tantos acontecimentos que marcaram a história da “Cidade Poema” fazem parte do acervo que vem sendo publicado no grupo. Entre as imagens, uma chamou muito a nossa atenção. Uma verdadeira relíquia de 1915, quando a ponte Walter Velasco ainda era o caminho do trem. (continua após a foto)
A imagem foi publicada por Henrique Bon. Ao SF Notícias ele informou que o registro faz parte do acervo de sua bisavó, Gertrudes Crelier Bon, nascida na localidade de Retiro Saudoso, em São Fidélis. Henrique encontrou a foto entre cartas e outros documentos da sua bisavó, dentro de um baú na Fazenda Boa Vista, região de Campo Alegre, no município de Cantagalo, onde ela passou a morar após se casar. “Foi mero acaso (um feliz acaso) esta foto ter sido mantida dentro de um baú, na fazenda, e redescoberta mais de 40 anos após a morte de minha bisavó. Lamentavelmente a foto sofrera muito com o tempo. Pretendo restaurá-la”, disse Henrique. A “Ponte Metálica”, com quinhentos metros de extensão sobre o Rio Paraíba do Sul, foi construída em 1889 para atender o transporte ferroviário da região. Com estrutura metálica de origem inglesa, segundo a Associação Brasileira da Construção Metálica (ABCEM), a ponte foi construída pelo Barão de Mauá, sendo fundida em estaleiro na Ponta de Areia, em Niterói, sob a supervisão do engenheiro inglês Dadgson. A ABCEM acredita que a ponte, que se tornou um cartão postal de São Fidélis, tenha sido a primeira de aço no Brasil. (continua após a publicidade)
Segundo o site Estações Ferroviárias do Brasil, a ferrovia ligando Campos a São Fidélis foi aberta em 1891, por uma concessão recebida por Edmundo Meinick e outros em 1876. Por outro lado, a E. F. Santo Antônio de Pádua, com uma concessão de 1879, havia estabelecido uma linha unindo Luca (São Fidélis) a Santo Antônio dos Brotos (Miracema), ferrovia esta aberta em 1880, de São Fidélis até Santo Antônio de Pádua, e em 1883, desta cidade até Miracema. Em 1884, esta última foi vendida à E. F. Macaé a Campos. Em 1891, quando Miracema já estava ligada a Campos pela junção das duas ferrovias, ambas já pertenciam à Leopoldina. Em 1891, São Fidélis foi ligada a Campos, já então pela Leopoldina, e a linha passou a se chamar Linha de Campos a Miracema. Com a construção de uma nova ponte para a linha férrea, a chamada “Ponte Preta”, a “Ponte Metálica” passou a atender ao transporte rodoviário, o que aconteceu até 2008. Quem não se lembra de ter que dar ré quando veículos que seguiam da Ipuca ou do Centro se encontravam no meio da ponte? E quando era uma carroça? Em 2002, a ponte, que também ficou conhecida como ‘ponte de um carro só’, começou a ser tombada pelo Instituto do Patrimônio Cultural (Inepac). Esse processo ainda é provisório. No próximo mês a “Ponte Metálica” irá completar 131 anos.