Psicóloga alerta para intensificação dos sintomas de ansiedade e depressão no isolamento social

Ela destaca que a socialização é importante e as possibilidades de socialização à distância têm facilitado. "A oportunidade de falar é crucial, de expor os sentimentos e não internalizá-los" - frisa
Fotos: Arquivo pessoal

A sociedade nunca passou por algo como este período que está sendo vivenciado. O isolamento social impactou a vida da população, mudando para muitos a forma de se trabalhar, estudar e os momentos de lazer. O que antes se fazia em diversos ambientes passou a ser feito por muitas pessoas em apenas um local, nossas casas. Para a psicóloga Giulia Florêncio Lopes, a mudança na rotina e a redução do contato físico e social têm intensificado em algumas pessoas sintomas já existentes, como a ansiedade e a depressão. “Toda a sobrecarga emocional advinda dessa nova realidade que estamos vivendo, está ligada as inseguranças e incertezas que ameaçam o sujeito. A pandemia se objetifica na realidade e projeta no mundo aquilo que antes só era vivido como fantasia e possibilidade. Ou seja, antes achávamos que tínhamos controle do amanhã, mas esse pensamento era ilusório, porque mesmo programando o futuro, não existe a garantia de que não possa haver um possível imprevisto, um acontecimento inesperado” – destaca.

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A profissional lembra ainda que o mundo contemporâneo carrega consigo uma exigência e busca incessante por realizações e cumprimento de tarefas. Mas, esse circuito excessivo e impossível de ser alcançado causa um desgaste emocional se o sujeito não perceber que o descanso e os momentos de lazer são fundamentais para a qualidade de vida e saúde mental do mesmo. “O que venho construindo com os meus pacientes são formas únicas deles se reinventarem, ressaltando que dar conta de tudo é da ordem da impossibilidade” – afirma. Outros pontos destacados pela psicóloga são o distanciamento social e o “novo”, que nos assusta e provoca diferentes reações e formas de lidar. “Partindo do princípio de que o distanciamento social virou parte do nosso repertório diário, as redes sociais tiveram ainda mais êxito, sendo um veículo de comunicação fundamental, já que não é possível o contato, junto com os aniversários por vídeo-chamada, as reuniões virtuais e os chats por celular. Quem pode, fica em casa. E mesmo quem não pode, tende a achar que essa é o melhor a se fazer. Para os jovens, lidar com a alteração da rotina pode ser menos angustiante do que para os idosos. Esses têm sido mais resistentes a ficarem isolados. Nesse caso, a presença da família é crucial, propondo alguma atividade, introduzindo uma conversa, propondo novas tarefas, salientando a sua importância na vida” – orienta.

A psicóloga explica que a pandemia traz efeitos diferentes em cada um. “Talvez a melhor forma de lidar com isso é tentando reduzir os impactos, minimizando a sensação de desamparo. A socialização é importante e as possibilidades de socialização à distância tem facilitado. A oportunidade de falar é crucial, de expor os sentimentos e não internalizá-los, não fugir dos afetos, porque eles podem ser paralisantes. Então, é fundamental falarmos sobre os nossos medos e aflições, também procurando ajuda psicológica”. Ela alerta que a maior parte das pessoas tem seus sintomas psíquicos intensificados, porque há um aumento de desgaste por conta da realidade vivida. “Isso acontece em maior proporção com as pessoas mais vulneráveis, sem muitos vínculos afetivos. O isolamento vai tornar mais intensos os sintomas que você já tem, como a ansiedade e depressão e para isso é fundamental é busca do tratamento psicoterápico para que o sujeito possa absorver esses impactos da melhor forma possível” – ressalta. A profissional reforça a importância da terapia, que pode ser realizada mesmo durante o isolamento social, pois vários psicólogos têm oferecido atendimentos online. Os contatos da psicóloga são (22) 9-9882-7280/ [email protected]

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