Polícia investiga desvio de vacinas e desrespeito a prioridades em cidades do estado do RJ

Em 24 horas após o início da vacinação, várias denúncias foram feitas em quase metade dos municípios do estado do RJ

A Polícia Civil do Rio de Janeiro vai apurar denúncias documentadas apresentadas pelo Conselho Regional de Enfermagem do Rio de Janeiro (Coren-RJ) de desrespeito a prioridades por profissionais da categoria na vacinação contra a Covid-19 no estado. Em reunião com o delegado Thales Nogueira, os inspetores Rafael Ferreira e Carlos Guerra; a presidente do Coren-RJ, Lilian Behring, a vice-presidente, Ellen Peres e a procuradora Fábia Souza informaram casos de desvio de vacinas, que acabam beneficiando os fura-filas. As denúncias, registradas em todo o estado do Rio, vão servir de base para as investigações da Polícia Civil. A investigação será feita pelo Departamento Geral de Combate à Corrupção, ao Crime Organizado e à Lavagem de Dinheiro (DGCOR-LD). O desvio de doses da vacina implica crime de infração de medida sanitária e, dependendo do caso, pode resultar em peculato-desvio, corrupção ativa e passiva, que têm penas que chegam a até 12 anos de reclusão.

De acordo com a presidente do Coren-RJ, enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem estavam sendo preteridos por outros grupos na hora da vacinação. “Tínhamos pessoas que não estavam recebendo vacinação trabalhando em CTI [centro de terapia intensiva], emergências, Samu [Serviço de Atendimento Móvel de Urgência], e isso continua”, afirmou Lílian. Ela disse que, em 24 horas após o início da vacinação, o conselho recebeu denúncias em quase metade dos municípios do estado, o que o levou a montar uma força-tarefa para apurar as ocorrências. “A função do conselho é fiscalizar o exercício legal profissional, que estava sendo preterido, porque se nós, profissionais de enfermagem, que somos os que vacinam, não recebemos a vacina, colocamos em risco a população a ser vacinada e poderíamos colocar em risco o Programa Nacional de Imunização, porque não estávamos tendo prioridade.”

Para o Coren-RJ, o cruzamento de dados por meio do CPF e as informações passadas pelos relatórios das instituições de saúde serão fundamentais para verificar quem foi vacinado. O conselho quer também a colaboração dos responsáveis técnicos das instituições para ter dados sobre abusos e privilégios. Todas as denúncias devem ser anotadas para que sejam encaminhadas à autoridade policial, o que permitirá controle do fluxo de vacinação. As denúncias vão desde desvio de vacinas às furadas de fila por autoridades que levam a família para se imunizar. Lilian destacou que os profissionais passam também por coação e recebem ameaças, sem condição de reagir. Por causa das investigações, não se pode revelar o número de denúncias já registradas, que aumenta a cada dia, nem as regiões, os nomes e onde trabalham os profissionais, ressaltou Lílian. Para reforçar as investigações do DGCOR-LD o conselho terá o apoio da própria enfermagem para relatar casos de abusos, de privilégios indevidos e outras irregularidades. O controle evitará o desabastecimento para a segunda dose, uma vez que cada CPF estará relacionado às duas doses da vacina.

Pelo cronograma do estado, a primeira fase prioriza os trabalhadores de saúde, a população idosa a partir de 75 anos de idade, pessoas com 60 anos ou mais que vivem em instituições de longa permanência e população indígena. A segunda fase inclui pessoas de 60 a 74 anos. A terceira fase prevê a vacinação de pessoas com comorbidades. A quarta fase abrangerá professores, forças de segurança e salvamento, funcionários do sistema prisional e a população privada de liberdade. “A vacinação é o início do processo que vai nos devolver uma vida parecida com a que tínhamos antes dessa pandemia. Mas não podemos descuidar dos cuidados com a prevenção, o uso de máscara, o distanciamento e a higiene das mãos”, alerta o secretário de Estado de Saúde, Carlos Alberto Chaves.

Fontes: Cristina Indio do Brasil – Repórter da Agência Brasil / SF Notícias

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