Pescadores e produtores rurais fazem manifestação contra construção da Usina Hidrelétrica de Itaocara

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Fotos: Vinnicius Cremonez

O protesto foi liderado por pescadores e produtores rurais de vários municípios, como São Fidélis, Itaocara, Aperibé, Cambuci, Santo Antônio de Pádua, Cantagalo, São Sebastião do Alto, Pirapetinga e Além Paraíba, que serão prejudicados com inundamento de terras.

manifestação usina 3A manifestação contou com apoio do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB). O presidente da Colônia de Pescadores Z-21 de São Fidélis, Sirley Ornelas, também esteve presente.

Os manifestantes, em grande maioria vestidos de branco, se concentraram no início da tarde em frente à Igreja de Santa Terezinha, na localidade de Porto das Barcas, em Aperibé, de onde atravessaram a Ponte Ary Parreiras e seguiram com bandeiras e faixas para a sede do consórcio, no bairro Jardim da Aldeia, em Itaocara. Durante a travessia da ponte, o trânsito da RJ-116 foi fechado por quase uma hora. Ruas na área central de Itaocara também foram fechadas, provocando congestionamento.

O grupo também parou por cerca de 30 minutos em frente a sede da Prefeitura Municipal de Itaocara. Eles tentaram falar com o prefeito, mas foram informados que o mesmo estava para o Rio de Janeiro.

Em seguida o grupo foi para frente da sede do Consórcio UHE Itaocara, responsável pela construção da usina. Lá, eles foram recebidos pelo coordenador ambiental do consórcio, o Mário Trento, e pela assessora de comunicação Janice Caetano. Os pescadores, produtores, moradores e políticos que moram em locais que serão afetados, como uma vereadora de Cantagalo, questionaram a forma em que está sendo feito o processo de indenização e de compra das terras. Eles também cobraram mais informações sobre a que está e o que será feito durante e antes da construção da usina, além do projeto da construção de uma nova estarda que dá acesso à localidade de Porto Marinho. A atual estrada será destruída pela água.

manifestação usina 14A manifestação terminou por volta das 18h, quando o grupo retornou para a frente da Prefeitura de Itaocara. Em meio ao trânsito conversamos com Maria Ferreira do Carmo e sua mãe, Laurides Ferreira do Carmo (foto). As duas estavam presas no congestionamento provocado pela manifestação. Laurides disse que é a favor da construção da usina, pois pra ela, a obra irá levar melhorias para Itaocara. “Vejo falar nisso há mais de 20 anos, e agora ela chegou”.

Em entrevista ao SF Notícias, o produtor rural Davi Honório da Costa Coelho, Presidente da UNABI (União dos Atingidos pelas Barragens de Itaocara), disse que eles estão lutando para que hajam negociações “justas”. Até então, a indenização seria paga aos pescadores e aos moradores, apenas após um ano da construção da barragem.

davi manifestação usina 2– Os termos de negociação não estão de acordo com o que nós almejamos. Sou radicalmente contra a barragem, é óbvio. Porém, em vista do progresso chegar aqui, então que seja um progresso por inteiro, não um meio progresso, só para o empreendedor. Para que as pessoas atingidas venham a gozar também do progressos, que não sejam expulsas. Nós gostamos demais nesse lugar. Nascemos e nos criamos aqui. O nosso amor por esse lugar não tem preço. Não existe valor que pague. Mas havendo um projeto de barragem, que pelo menos venhamos a sair com justiça, dignidade e nos localizar em outro lugar com segurança. – disse Davi.

 

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