O gigante egoísta

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Teatro infantil, quando bem feito, é incrível. Sou completamente apaixonado pelo teatro infantil que não menospreza a inteligência da criança e que por consequência encanta os adultos. Existem tantos grupos e companhias que produzem espetáculos para crianças de maneira leviana e sem o qualquer cuidado, que teatro infantil virou sinônimo de peça ruim, principalmente no Rio. Porém, existem grupos que fazem essa constatação cair por terra, como o caso da ARTESANAL CIA DE TEATRO. Sou suspeito a falar, porque acompanhei todos os trabalhos da companhia e em todos os espetáculos saí embasbacado com a delicadeza, capricho e carinho com que eles produzem suas peças.
Aclamado pela crítica e pelo público, o novo espetáculo da Artesanal “O Gigante Egoísta”, dirigida pela dupla Gustavo Bicalho e Henrique Gonçalves e produzido por Marta Paiva, completa mais uma temporada de sucesso em São Paulo e, se os Deuses do Teatro quiserem, terá vida longa. A história original escrita por Oscar Wilde é recontada por meio de manipulação de bonecos e máscaras usadas pelos personagens. No elenco estão: Marcio Nascimento, como o Gigante; Marcos Guilhon, como o narrador e o Menino e Tatá Oliveira fazendo as crianças e manipulando outros bonecos. Na verdade, os três atores se revezam em vários personagens, deixando a peça dinâmica, divertida e com grandes momentos de emoção. Além de fazer uma crítica ao individualismo humano, o espetáculo reflete sobre a passagem do tempo e a natureza cíclica de todas as coisas.Foto 3

Na coluna de hoje, vou conversar com um ator que admiro muito, além de ser um amigo de longa data, o Marcos
Guilhon. O Marcos já faz parte da Artesanal ha algum tempo e conversou comigo sobre a experiência de estar no elenco de “O Gigante Egoísta”.

Marcos, como é pra você fazer um conto de Oscar Wilde no teatro e para
crianças?

É maravilhoso porque o conto, que foi adaptado brilhantemente para o teatro pelo Gustavo Bicalho, é de uma delicadeza que faz com que eu e meus parceiros de cena, Marcio Nascimento e Tatá Oliveira, terminemos o espetáculo completamente emocionados e isto acontece em cada apresentação. E olha que já fizemos muitas, em agosto completamos um ano com o gigante. Além disso é um privilégio estar encenando uma obra do genial Oscar Wilde, ainda mais para crianças. O gigante egoísta é um dos poucos contos de Oscar Wilde para o público infantil e era um de seus preferidos, o qual ele costumava contar para seus dois filhos. É incrível contar esta história tão emocionante, sinto como se estivéssemos de certa forma contribuindo para que não só as crianças mas também os adultos olhem para o mundo com mais amor, humildade, fraternidade e é claro, com menos ego.

O que “O Gigante” representa na sua vida?

Muita coisa. O “gigante” é diferente de tudo que eu já havia feito como ator até hoje. O fato de eu contar a história exige de mim muita serenidade e estou procurando ter não só neste trabalho mas o tempo todo,na minha própria vida, desde que a ficha caiu que eu tinha uma grande responsabilidade dentro deste trabalho. Não que em outros trabalhos eu não tenha que ser responsável mas no gigante sinto que tenho que estar completamente pleno pra que consiga transmitir aquela ideia com verdade. Mas é extremamente prazeroso. Com certeza o  “gigante” me fez crescer profissionalmente e pessoalmente também.

Teatro no Rio e em São Paulo, existe muita diferença? Em se tratando desse espetáculo em si, quais os pontos positivos e negativos de cada lugar?

Algumas, porque são cidades bem diferentes! Sinto que em São Paulo existe uma cultura maior com relação ao teatro, acredito que o fato de ser uma grande metrópole, que não possui tantos atrativos “naturais” como o Rio de Janeiro, fez com que o povo paulistano voltasse mais para a cultura do teatro. Fico enlouquecido com a quantidade de peças em cartaz em São Paulo, rs. Acho que em São Paulo você tem mais variedades, conheci companhias de teatro incríveis com um trabalho belíssimo que me surpreenderam muito, não que no Rio não tenha companhias maravilhosas também, mas em São Paulo tem mais! Com relação a esta peça, já fizemos temporadas nas duas cidades e posso te dizer que nas duas fomos recebidos com muito carinho pelo público.


Se pudesse destacar um momento da peça que mais se identifique, qual seria?

O momento que o gigante envelhece e não consegue mais brincar com as crianças. Apesar disso ele consegue enxergar o lado bom da vida. É a superação do ser humano.

O que o público pode esperar da montagem?

Esta é uma pergunta difícil porque acredito que cada um enxerga o espetáculo de uma forma diferente. As reações das pessoas são das mais variadas. Mas sem dúvida podem esperar uma montagem feita com muito amor e dedicação.

O Gigante terá vida Longa?

Se depender de mim, ele será imortal, rsrs.

E para finalizar, uma pergunta bem pessoal. Como você vê o panorama teatral no Brasil? Para um ator que ama teatro, é possível viver dessa profissão?

Acho que o teatro ainda sobrevive, apesar de tantas dificuldades como a de conseguir patrocínio e de existir outros canais de comunicação como a televisão e o cinema. Mas acredito que tem espaço pra todo mundo. Acho que o teatro perdeu muito seu valor nos últimos tempos, normal, os tempos são outros, vivemos na era da informação, tudo é muito corrido, mas o teatro tem o seu lugar e precisa ser valorizado, é importante. Deveriam haver mais incentivos pra que ele aconteça cada vez mais e estímulos para que as pessoas o procurem. O teatro é único, o teatro salva. Engraçada sua pergunta “Para um ator que ama teatro, é possível viver dessa profissão?” porque você já pergunta diretamente se é possível viver de teatro um ator que ama a profissão, ou seja, se você conseguir viver disso você realmente tem que amar muito, rs. Olha, dá pra viver sim, é difícil, mas conheço alguns atores que vivem só do teatro, mas pra isso emendam uma peça na outra ou então fazem parte de uma companhia. Tem a ver com talento e vocação mas também tem a ver com sorte e admiro muito quem vive assim, é a prova de amor pelo que se faz.

 

Muito obrigado meu querido. Foi um prazer conversar com você, desejo todo sucesso do mundo para o espetáculo e para sua carreira!!!

“O Gigante Egoísta”

Adaptação teatral do conto homônimo de Oscar Wilde para toda a família. Sábados às 11h no SESC Consolação / Até dia 26 de abril e domingos às 14h no SESC Santana / Até 27/04 em São Paulo. Ingressos a R$ 1,60 – R$ 4,00 e R$ 8,00. IMPERDÍVEL!!!!

 

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