Insegurança: Localidades da região estão sem policiamento e cidades tiveram efetivo reduzido

A falta de policiais afeta as localidades de São João do Paraíso, Ipituna, Valão do Barro, Paraíso do Tobias, divisa com Pirapetinga, Santa Cruz, Laranjais, Portela, Monte Alegre, Monte Verde e divisa com Palma
Policiais da região são deslocados para Macaé e para o Rio

2018 trouxe mais uma preocupação para os moradores de algumas cidades do Noroeste Fluminense, é que a população viu os seus policiais desaparecerem das ruas. Um levantamento feito pelo SF Notícias junto a policiais militares mostra que diversas localidades estão sem policiamento e algumas cidades estão com seu efetivo reduzido.

O problema começou quando policiais, principalmente do 36º BPM de Pádua, começaram a ser deslocados para atender cidades da área de atuação do 32º BPM (Macaé, Casimiro de Abreu, Conceição de Macabu, Quissamã, Carapebus e Rio das Ostras), área que recebeu um reforço na segurança desde a morte do cabo José Renê Araújo Barros, de 35 anos, em uma troca de tiros com bandidos no bairro no Lagomar, em janeiro desse ano.

Nossa redação conversou com alguns policiais que não quiseram se identificar, e segundo eles, além de a população estar sendo prejudicada, os militares também estão sendo submetidos a um desgaste excessivo e desnecessário.

Com o deslocamento, eles precisam se apresentar no 36º BPM, em Pádua, às 3h da manhã, de onde seguem para Macaé e trabalham até as 14h do dia seguinte, uma escala de aproximadamente 36h de serviço. Outros policiais são deslocados para o Rio de Janeiro, em apoio ao 23º BPM. No último domingo, por exemplo, PMs saíram de Pádua por volta de 1h da manhã, e só retornaram, às 15h de segunda.

“Isso gera aumento de policiais militares estressados, doentes e de licença médica ou com restrição médica”, disse um dos PMs procurados pelo SF Notícias.

“Viaturas sem condições plenas de viagem, e o cansaço podem causar acidentes graves. Você acha que um policial que saiu de Pádua 1h da manhã e chega no Rio para tirar 24h de serviço, estará em plenas condições físicas e mentais para um eventual combate com criminosos? Eu particularmente não”, disse outro PM.

São João do Paraíso está sem policiamento

Segundo os militares, a falta de policiais afeta as localidades de Paraíso do Tobias, divisa com Pirapetinga, Santa Cruz, Laranjais, Portela, Monte Alegre, Monte Verde e divisa com Palma. Nos locais listados há somente um PM, sem viatura. Já em Aperibé, Cambuci, Itaocara, Miracema e Santo Antônio de Pádua, o efetivo foi reduzido. Em alguns dia, Cambuci fica sem viatura.

Entre essas localidades está o distrito de São João do Paraíso, em Cambuci, que ficou sete meses (entre o final de 2016 e início de 2017) sem policiamento. Para tentar solucionar o problema, comerciantes e moradores do distrito se uniram e reformaram a viatura que era usada para patrulhar São João do Paraíso. Com apoio da prefeitura, eles juntaram R$ 6 mil, sendo R$ 4 mil, apenas de dinheiro da população, mas mesmo assim, os moradores ficam sem segurança.

“É muita droga e furto. Quase todo o dia tem uma casa arrombada. A gente vê coisa que nunca imaginávamos que iríamos ver aqui. Até o banco aqui já tentaram assaltar e a gente aqui sem poder fazer nada”, disse uma moradora que não quis se identificar.

Em Valão, a viatura reformada pela população fica parada

O mesmo problema acontece em Ipituna, Ibipeba e Valão do Barro, que são distritos de São Sebastião do Alto. Só em Valão do Barro, que é onde fica a 5º Companhia do 36º BPM, moram aproximadamente duas mil pessoas. Lá, em 2017, os moradores e comerciantes juntaram R$ 2 mil para pagar a instalação de air bags e resolver os problemas no motor da viatura que estava parada há seis meses, mas eles voltaram a ficar sem policiamento. A viatura fica parada no DPO que conta apenas com um PM por dia.

Itaocara é um dos municípios que está sentindo a redução no efetivo. O número de furtos, assaltos e arrombamentos não para de crescer. A população se sente cada vez mais insegura. Só em janeiro foram quatro estabelecimentos furtados. Um deles foi alvo dos criminosos por duas vezes em menos de cinco dias.

“Será que nossa vida, nossa segurança, nossas famílias valem menos que as das outras cidades? Não somos importantes? Cadê nossos representantes políticos que se calam nessa hora? Estamos abandonados” – finalizou um morador de Valão do Barro.

Nossa redação questionou a falta de segurança e longa jornada à Polícia Militar, que não respondeu aos nossos questionamentos, direcionando a nossa redação uma nota pronta. A nota diz que o policiamento nessas cidades é realizado através de rondas com viaturas e a pé. A PM disse ainda que operações são realizadas frequentemente sempre com o objetivo de combater ações criminosas e prender esses marginais.

Em outro trecho, a nota diz que “Dentro de sua atribuição constitucional,  a Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro está adotando medidas para melhorar o policiamento ostensivo, uma das formas de combater o roubo de veículos e outros crimes contra o patrimônio. Há cerca de dez dias, a Corporação formalizou em pregão eletrônico a compra de 580 novas viaturas e já iniciou a reforma de parte da frota que estava sem operar por problemas mecânicos. Mesmo sem possibilidade, no curto prazo, de formar novos policiais, a PMERJ já colocou em prática o reescalonamento de seu efetivo com objetivo de ampliar o número de policiais atuando na atividade-fim”.

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