No último sábado, por volta das 16h40, um helicóptero fez um “pouso brusco” no heliponto da plataforma de perfuração SS-86, no campo de Búzios, na Bacia de Santos, que fica a cerca de 200 quilômetros da costa do Rio de Janeiro.
O acidente foi informado ao Sindipetro-NF pela gerência de Transportes da Petrobrás. Estavam na aeronave, prefixo PR-CHR, operada pela empresa BHS, 18 passageiros e três tripulantes. De acordo com a empresa, por questões de segurança, as operações da plataforma foram interrompidas. Não houve feridos.
Embora o acidente tenha ocorrido na Bacia de Santos, o Sindipetro-NF participará da comissão que vai investigar o caso, em razão de a plataforma SS-86 pertencer a um contrato da Bacia de Campos. A entidade será representada pelo sindicalista Vitor Carvalho.
Acidente poderia ser ainda mais grave
Para o diretor do Sindipetro-NF, Valter de Oliveira, que tem grande experiência em investigações de acidentes aéreos e acompanha a realidade do setor na Bacia de Campos há muitos anos, o acidente mostra, por um lado, que são grandes os riscos enfrentados pelos trabalhadores, mas também que houve boa atuação da tripulação, em decorrência na melhoria do treinamento.
Ele lembra que, no caso do acidente com o Toisa Mariner, quando um helicóptero S-76 colidiu com o mastro do navio e caiu no mar, em 2003, a ausência de treinamento em simuladores para o tipo de situação foi decisiva para o desfecho trágico, com as mortes de cinco trabalhadores.
Para Oliveira, no caso da SS-86, é possível constatar que “o treinamento surtiu efeito. O procedimento em caso de falha ou ausência do rotor de cauda é “jogar em baixo”, seja na terra ou na água, antes da estrutura da aeronave começar a girar”, o que foi feito e garantiu a integridade física dos passageiros.
“Nossas campanhas que cobraram treinamento para todos os pilotos surtiu efeito e ai está o resultado. Não há o que comemorar, afinal aconteceu um acidente grave, mas temos que lembrar que, antes das cobranças do sindicato, só alguns comandantes treinavam em simuladores”, afirma.
Caso na P-37
No dia 1º de março deste ano, uma aeronave da Omni tombou no heliponto de P-37. Quatro trabalhadores ficaram feridos. A categoria relatou ao sindicato que, durante a manobra de pouso, os flutuadores foram acionados indevidamente e as paletas do rotor principal quebraram.
Na época, outro diretor do sindicato, Tadeu Porto, chamou a atenção para o aumento de acidentes e ocorrências graves na Petrobrás. “Esse tipo de tragédia vem sendo alertada pelo Sindipetro-NF desde que essa política de precarização começou. Teve início na gestão Bendine e se intensificou com Pedro Parente, que veio reimplantar a mesma política que afundou a P-36 e matou 11 trabalhadores. Toda gestão sabe disso e tem responsabilidade”, afirmou.