Fidelense retorna de Bienal na Bahia com muito mais do que certificados: “lição de luta”

Júnior Persí conta que foi um dos poucos que declamou a poesia totalmente de cor e que recebeu incentivos de grandes escritores
Fotos: Arquivo Pessoal

No dia 8 deste mês, São Fidélis teve dois representantes na Bienal da União Nacional dos Estudantes, realizada na capital da Bahia, Salvador. Antonio Roberto P. da S. Júnior, mais conhecido como Júnior Persí, de 24 anos, e Thiago Yuri, de 22, tiveram poesias selecionadas para um sarau.

Eles também puderam prestigiar a programação variada do evento, como relata Júnir Persi. Ele conta que também pôde conhecer pontos turísticos de Salvador, como o Mercado Modelo, Elevador Lacerda e o Pelourinho.

“A Universidade Federal da Bahia é incrível! É de tirar o fôlego! É uma universidade no meio de uma floresta. Há riachos, pontes, trilhas entre um bloco e outro. Eu nunca na minha vida imaginei que uma Universidade poderia ser assim, não só de concreto. Estudo em Campos e muitas universidades de lá são grandes selvas de pedra” – relata.

Persí também assistiu a um ato político em torno da educação pública, o que para ele foi uma experiência e tanto já que ele sempre estudou em escolas públicas e faz uma faculdade pública. “Esse ato político me tocou muito intimamente, pois faço Licenciatura em Letras e em breve pretendo fazer da sala de aula um dos campos da minha vida profissional”. 

A mostra de Artes Visuais do evento também encantou o jovem, que passou várias horas observando cada fotografia, cada pintura.  “Estar horas todos os dias na mostra de Artes Visuais era uma mescla de realidade de carne crua misturada com o surrealismo artístico. Estas palavras me definem muito bem. A arte é o lugar para onde corro quando a realidade me parece insuportável. A arte salvou minha vida mil vezes” – afirma.

Já sobre o sarau ele conta que o mesmo foi aberto por três grandes escritores, Pedro Bomba, Pieta Poeta e Adelaide Ivanova. “Depois da incrível abertura desses grandes escritores, o Philipe Ricardo passou a chamar ao palco os artistas da mesma categoria que eu. Eu fui a terceira pessoa a apresentar-se. Quando subi ao palco, agradeci a UNE por ter me puxado da pequena São Fidélis para Salvador, agradeci ao público por fazer parte desse meu sonho realizado e os indaguei com a seguinte frase ‘Vamos falar de amor?’”.

O jovem ressalta que declamou a poesia totalmente de cor, sendo um dos poucos a fazer isto. “Não que eu não estivesse nervoso, mas fiz da minha poesia um mantra dos dias anteriores da viagem até os últimos segundos antes de entrar no palco. Esse foi o maior acontecimento da minha vida até então, ora. Fiz questão de apresentar-me totalmente sóbrio e face a face ao público”.

Assim que saiu do palco, o fidelense foi procurado pelos três escritores, que tiveram, segundo ele, a sensibilidade de perceber que em meio a toda zona de guerra que estamos vivendo, ele está escrevendo sobre amor. “Prometeram me ajudar na carreira literária. Não só eles como também a UNE. Todos estão torcendo muito para que eu invista mais e mais na carreira literária e estão dando todo apoio necessário. Tenho só que agradecer!”

De aprendizado, Persí afirma que um sim certo pode mudar tudo e que não há nada de errado em escrever sobre o que ele escreve. “Aprendi que estou fazendo algo que quase ninguém mais está fazendo. E a lição mais importante foi que os piores momentos da minha vida podem me jogar nos melhores momentos da minha vida. E foi o que aconteceu!”.

Ele afirma que irá levar para sempre em sua arte a “lição de luta que a Bienal o deu”. “A Bienal da UNE é artisticamente muito sensível, íntima e variada. É um ambiente muito político e de aceitação. Eu fui à Bienal da UNE como um aluno de Letras inseguro por não se encaixar muito bem nos padrões acadêmicos, entre outros, e voltei de lá como um artista sem medo de rasgar o verbo”.

Fora da Bienal o jovem disse que pôde vivenciar que “o povo baiano que é um povo pobre que tem noção que é pobre e por isso é unido, honesto, solidário e empático”. Ele afirma que não ficou sabendo de nenhum assalto, nenhuma briga. “É um povo que te abraça sem nem mesmo te conhecer. É um povo que te ajuda sem querer te passar a perna. Uma grande lição para a nossa região! Vejo as pessoas muito separadas por aqui, então fiquei muito feliz em ver que ainda em algum lugar do Brasil existe gente pacífica emanando só positividade”.

Outro momento que ficará para sempre marcado na memória do estudante foi o show de Francisco El Ombre. “Eu desabei em lágrimas quando tocou ‘Triste, Louca ou Má’. Essa música dialoga muito com Amnésia Reversa e também tem muito a ver com toda a viagem. A dor me levou para o prazer que foi estar em Salvador e me dei conta disso enquanto escutava essa música no último show. Um homem não me define/ Minha casa não me define/ Minha carne não me define/ Eu sou meu próprio lar!”. Confira AQUI a outra entrevista com o jovem. Conheça as poesias de Júnior Persí em sua página no Facebook AQUI.

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