A Secretaria de Estado de Polícia Civil, por meio da 17ª DP (São Cristóvão) com o apoio da Polícia Rodoviária Federal (PRF), prendeu, no início desse mês, uma quadrilha formada por uma família que vinha aplicando furtos e estelionatos contra idosos nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia e Minas Gerais. Avô, filho e neto estavam atuando no Rio desde o segundo semestre do ano passado. Eles foram presos Rodovia Lúcio Meira, na altura do município de Três Rios, no estado do Rio, quando retornavam da Bahia. O grupo seguia para São Paulo. A investigação, que durou seis meses, revelou que os criminosos ofereciam cursos falsos de informática para jovens nas residências, com o objetivo de identificar nas casas um idoso que ficasse sozinho no local. A partir daí, o integrante mais velho da quadrilha, de 70 anos, seguia para o local assim que o neto deixa a casa. Ele se identificava como funcionário de uma empresa de energia e informava que precisaria realizar uma vistoria no relógio da casa.
A partir da confirmação falsa de uma peça defeituosa no relógio, o acusado contava à vítima que era necessária a troca por um novo aparelho, e que o serviço teria o custo de aproximadamente R$ 300. Em seguida, ele alegava que o serviço poderia ser feito gratuitamente a partir de um falso convênio entre a concessionária com a agência bancária da vítima. Diante de tal oferta, os idosos entregavam os seus cartões bancários ao criminoso, que passava os mesmos em uma máquina e pedia às vítimas que digitassem suas senhas bancárias. No entanto, a referida máquina era uma etiquetadora, e todas as senhas eram salvas e depois impressas pelos criminosos, que já tinham os cartões.
A última etapa do golpe consistia em sair do local e para isso havia duas formas dependendo das características das vítimas. Em alguns casos, elas eram envolvidas na conversa dos criminosos e esqueciam de pegar seus cartões, deixando assim os golpistas saírem livremente com o falso serviço de reparo agendado. Já em outros casos, os criminosos solicitavam a elas que ligassem a máquina de lavar ou chuveiro elétrico da casa para que fosse realizado um teste e quando essas entravam em suas residências o autor fugia do local. Já o filho do idoso, de 42 anos, tinha a função de falso fiscal, porém permanecia no carro na maioria dos casos. Era dele a responsabilidade de agilizar o plano de fuga e a imediata utilização do cartão pela quadrilha.
Conforme o relato das vítimas e algumas imagens obtidas durante as investigações, a quadrilha de posse dos cartões e senhas, ao saírem das casas, imediatamente realizavam saques bancários e efetuavam compras, como vale presentes que não geravam volume, no intuito de esgotar os valores das contas de suas vítimas. Pelo menos 20 casos foram identificados, já tendo sido os autores reconhecidos pelas vítimas e indiciados com representação por suas prisões preventivas em oito inquéritos instaurados. Na momento da prisão, o trio estava, dentre outros materiais, com o veículo utilizado nos crimes, jalecos similares aos utilizados pelos funcionários da empresa de energia, crachás com identificação da empresa “Lightbolt” e aparelhos eletrônicos utilizados para enganar as vítimas.