Nessa semana mostramos o péssimo estado em que se encontra o Valão da Esperança, no bairro Vila dos Coroados (Reveja no link abaixo).
Com poucas esperanças, moradores ainda esperam por limpeza no Valão da Esperança, em São Fidélis
Os moradores convivem com lixo, esgoto, ratos e diversos outros bichos. Três pessoas já morreram com leptospirose no bairro, duas delas, após ter contato com a água suja do valão. Eles já fizeram abaixo assinado, foram até a prefeitura e já questionaram os vereadores, mas nada foi feito até hoje.
Nossa equipe percorreu o bairro e encontrou diversos pontos onde o esgoto é lançado no Rio Paraíba do Sul sem nenhum tratamento. Um desses pontos fica ao lado de uma fábrica de doces, e o esgoto, passa próximo de uma lavoura. O local que fica ao lado da empresa responsável pela coleta de lixo, também é usado como escoamento de água da chuva.
A área é cercada por árvores, lixo, e entulho. Boa parte do esgoto despejado no local fica represado. De acordo com os moradores, a quantidade de esgoto lançado no Paraíba neste local, aumentou após a construção de diversas casas em um loteamento, além do avanço do bairro Vila dos Coroados. Outro ponto que encontramos fica na Cehab. Uma manilha despeja esgoto o dia inteiro no Rio Paraíba do Sul. São Fidélis não conta com uma estação de tratamento de esgoto.
Para o ambientalista Arthur Soffiati, São Fidélis já produz muito esgoto, e já deveria contar com uma estação de tratamento terciário, que eliminaria cerca de 98% da carga poluente. Segundo Soffiati, o esgoto sempre causa impacto. A matéria orgânica existente nele reduz o oxigênio dissolvido da água do rio. Mas, como o aporte de esgoto é pequeno, quem sofre mais são os peixes e as pessoas dos arredores, pois podem contrair doenças transmissíveis pela água, como gastroenterite (inflamação aguda que compromete os órgãos do sistema gastrointestinal) e doenças de pele.
Essa não é a primeira vez que o SFnotícias mostra o estado em que se encontra o município quanto ao tratamento do esgoto. Após uma série de reportagens feita por nossa equipe no ano passado, os secretários de serviços públicos, de saúde e meio ambiente, se reuniram com o prefeito, mas nada foi feito após a reunião, e os secretários já foram até exonerados do cargo. Em fevereiro desse ano, o Governo do Estado entregou planos de saneamento para 34 municípios, mas São Fidélis ficou de fora da lista.
Em março desse ano, o Governo Federal admitiu, com 17 anos de antecedência, que não conseguirá cumprir a meta de saneamento básico estipulada para o país. O Plano Nacional de Saneamento básico visava atender 90% do território com o tratamento e destinação adequada do esgoto até 2033. O mais impressionante dessa afirmação é a constatação de que o problema é crônico e histórico no país. Atualmente, quase metade da população (43%) vive em cidades sem rede de tratamento de esgoto.
O que levou o Governo a assumir a incapacidade de alcançar a meta estipulada quase duas décadas antes é o ritmo lento das obras e a falta de comprometimento das gestões envolvidas. A justificativa é que as prefeituras dos pequenos municípios tem dificuldade de administrar o problema, seja por falta de pessoal especializado (técnicos, engenheiros e empreiteiras), ou por desinteresse por parte dos prefeitos.
