Escritor fidelense se apresenta no Palácio Nilo Peçanha em Campos dos Goytacazes

O autor Antônio Júnior Persí foi o único artista fidelense a participar do evento “Tarde de Autógrafos do Foyer”, promovido pela Câmara Municipal de Campos dos Goytacazes, que tem como sede o Palácio Nilo Peçanha.

Na última sexta-feira (29/11) o escritor fidelense Antônio Júnior Persí respondeu ao convite que recebeu de Rafael Martins, Superintendente de Educação e Cultura da Câmara Municipal de Campos dos Goytacazes. O convite foi relativo à participação do escritor na 8ª edição da Tarde de Autógrafos do Foyer. Essa foi a última edição do evento. E, pelo fato de Persí ter feito uma marcante participação na outra edição da tarde de autógrafos, em setembro de 2023, ele foi convidado para compor o último quadro de escritores a fazer parte da solenidade.

“Eu fiquei muito emocionado por, mais uma vez, receber o convite para fazer parte desse tão importante evento. Senti que, se fui convidado de novo, é porque fiz e tenho feito as coisas certas. Logo, um convite como esse serve como uma validação de todo o árduo trabalho feito ao longo dos anos, o que me deixou muito honrado e grato. Me emocionei mais ainda quando soube que os escritores e escritoras que estariam junto comigo eram figuras marcantes das outras edições do encontro. Foi uma informação que me pegou de surpresa e que me deixou muito, muito feliz e realizado!” – Persí explicou.

 

 

O autor foi o primeiro escritor a chegar ao Foyer do Palácio Nilo Peçanha, o que tende a ser de praxe quando se trata de Antônio Júnior Persí. “Eu gosto sempre de chegar mais cedo a qualquer ocasião. Gosto de chegar, no mínimo, 1 hora antes. Prefiro fazer assim porque gosto de sentir a energia do local, repassar as minhas falas e ações, ver as luzes se movimentando, escolher o espaço onde ficarei. Eu sou alguém que tem um universo interno muito profundo e, chegar antes, é uma maneira de fazer com que a minha interioridade se balanceie com o que há ao meu redor. Fiz isso na outra edição do evento no qual participei no Foyer, por exemplo, e tudo deu certo. Então, fez ainda mais sentido eu manter esse meu ritual dessa vez.” – explanou.

Com o passar do tempo, o escritor percebeu que começou a ter a companhia de rostos conhecidos. Sol Figueiredo, Rafael Martins e Guilherme Guarino foram os primeiros a chegar ao Foyer do Palácio Nilo Peçanha depois do escritor. “Eu fiquei muito feliz de ver a Sol Figueiredo, que foi muito solícita, como de costume. Ela é nada mais, nada menos que Presidente da Academia Brasileira de Letras em Campos dos Goytacazes, além de ser uma escritora premiadíssima. E, com uma humildade ímpar, fez de tudo para me ajudar a arrumar o meu material que levei para compor meu espaço no evento. Rafael também foi de muita ajuda e de um cuidado sem igual, colaborando na sugestão da composição do meu espaço, pois conhece muito bem o Foyer. Guilherme também me ajudou muito, desde a arrumação do meu material, chegando cedo e fazendo diversas fotos e vídeos. Ele é alguém que me ajudou em grandes eventos ao longo de 2024, e tê-lo em uma solenidade importantíssima na Câmara Municipal de Campos dos Goytacazes foi essencial, pois é alguém que conhece bem a dinâmica do meu trabalho. Sou grato a cada uma dessas pessoas” – detalhou.

 

Feita a arrumação, o autor foi fazer imagens no Foyer e ao redor do Palácio Nilo Peçanha. Nesse ínterim, o público e os demais escritores foram chegando. Além de Antônio Júnior Persí e Sol Figueiredo, também se apresentaram no evento o escritor Ivan Junior e as escritoras Mônica Monteiro, Telma Toledo, Tânia Rangel, Alexandra Souza, Sandra Moore, Onalita Tavares Benvindo, Karina Barra Gomes e Priscilla Gonçalves de Azevedo.

 

Na abertura do evento, Rafael Martins fez uma fala acolhedora e histórica sobre a importância da presença do povo e do público no Palácio Nilo Peçanha. Ele sinalizou que, além de escritores, os autores são o povo e que a preocupação é fazer com que o Palácio seja uma casa do povo. E não só casa da população de Campos dos Goytacazes, mas também das cidades ao redor, visto que Campos é a maior cidade do interior do estado do Rio de Janeiro, sendo referência para muitas cidades vizinhas. Nisso, Rafael evidenciou Antônio Júnior Persí, que é um autor fidelense que movimenta a literatura não somente em São Fidélis, mas também em Campos e até mesmo no mundo, usando o escritor como exemplo da importância do intercâmbio cultural entre municípios e até mesmo entre países.

“Eu fui o único escritor a ser mencionado pelo Rafael Martins em sua fala de abertura, ainda que eu não fosse o primeiro a me apresentar. Isso me deixou muito emocionado, até mesmo nervoso, pois bem no começo já tinha todos aqueles escritores importantíssimos olhando para mim junto com o público. Mas eu sabia que, ainda que as sensações fossem intensas, tudo ali era para o bem. Então, me senti agradecido e foquei em rememorar as falas que eu faria em breve no evento”- explicou o autor.

Dada a hora do escritor fazer sua apresentação, ele versou acerca de sua trajetória cultural. Fez explanações sobre o fato de ter sido aluno do IFF Campus Centro, onde foi Presidente do Centro Acadêmico de Letras nos últimos anos de seus estudos. Continuou suas explanações evidenciando que começou na poesia, o que abriu portas para que conseguisse ser agenciado, o levando a escrever “O Mortiço”, que foi lançado em junho de 2020, em meio a pandemia, em uma Live de lançamento em parceria com sua ex-professora do IFF, Talita Barros, e com Marcelo Guimarães, que dá vida a drag queen Olga Dantelly em Miami.

O autor sinalizou a sua relação com a cantora Elza Soares que foi uma verdadeira madrinha de sua carreira em 2020, o que colaborou para que “O Mortiço” esgotasse rapidamente. Com isso, houve a demanda para que seu livro fosse traduzido para a língua espanhola com o título de El Mortecino. Esse feito fez com que o livro do autor chegasse a Europa e as Américas, inclusive a Miami onde Marcelo Guimarães trabalha como a drag Olga Dantelly no Palace South Beach, lendário club LGBTQIAPN+.

Em seguida, o escritor explicou os pormenores do lançamento de seu segundo livro “A Costura”, que se deu em novembro de 2021, sendo o último livro lançado pelo autor antes de embarcar no grande projeto biográfico acerca da vida do Marcelo Guimarães que tem como título “Olga Dantelly: A Extraordinária Vida de Marcelo Guimarães”. Devido ao fato de Persí e Olga terem se encontrado recentemente no Brasil fazendo um grande espetáculo musical no Rio de Janeiro, o escritor falou sobre os pormenores de tal acontecimento, sinalizando que o musical serviu como o último capítulo a ser escrito na biografia que virá em breve. E levou novidades.

“Expliquei a todos que eu e Olga estamos planejando mais sessões do espetáculo, não só no Rio de Janeiro, mas também no interior do estado do Rio na próxima vinda de Olga ao Brasil, que será para o lançamento do livro. É um grande trabalho movimentar um espetáculo tão grande em diferentes cidades. Mas, se Deus quiser, vai dar tudo certo!” – Antônio Júnior Persí sinalizou. Devido ao fato de ser um autor que pertence a comunidade LGBTQIAPN+ e que tem sua literatura com traços que, por vezes, interpelam debates e conscientização acerca de tal comunidade, o escritor fez uma fala muito forte nesse sentido.

“Eu falei sobre a importância da literatura como educadora. Quando alguém adquire livros, não se está gastando dinheiro, mas sim o investindo. Sinalizei, em minha fala, que acredito que muito do preconceito advém da falta de conhecimento, por isso a importância de abordar certos tipos de tema. O livro da Olga, por exemplo, é repleto de bullying, tanto na escola quanto no trabalho. E infelizmente na minha vida também há essa ferida que talvez nunca irá curar. Por isso é importante desmistificar tantas coisas por meio da literatura, como fiz, por exemplo, nas ações literárias que promovi em instituições de ensino de São Fidélis esse ano. Eu não faço arte nem palestras em prol de forçar ninguém a nada, mas sim de cobrar o dever de cada um que é respeitar as singularidades do próximo. E para isso, muitas vezes, é preciso ensinar, dialogar e abraçar as diferenças em prol do bem comum.” – Persí explicou.

Ao fim da fala de Antônio Júnior Persí, o escritor sinalizou o fato de tal edição do evento ser repleta de mulheres. “O excesso de masculinidade na área das letras sempre foi algo que me incomodou. Deixei isso expresso, na minha apresentação, pois eu sempre me incomodei com isso desde a época dos meus estudos na faculdade de Letras. São sempre ‘os autores’. São sempre homens falando sobre as mulheres. Raríssimas vezes as mulheres são abordadas, estudas e têm voz no meio literário. Então, evidenciei sim a minha alegria por ver tantas mulheres nesse evento de literatura, tendo suas vozes e suas expressões sendo delas e de nenhum homem que iria falar sobre elas” –  explanou.

A fala do escritor veio muito a calhar, pois essa edição da Tarde de Autógrafos no Foyer aconteceu concomitantemente ao último dia da exposição artística ELAS (Exposição, Literatura, Arte e Sororidade), havendo ao redor do Foyer telas e poesias das artistas Gleyde Costa, Inês Albernaz, Maria Lúcia Monteiro, Thais Almeida, Yasmin Almeida e Zilnete Moraes. Não por menos, ao fim de sua apresentação, o escritor fidelense foi aplaudidíssimo. E o evento continuou a rolar com a apresentação dos demais grandes artistas.

Feitas as falas, foi a hora de haver um intercâmbio literário mais íntimo. Essa parte foi a última do evento e consistiu em um percorrer dos escritores e do público indo de espaço a espaço de cada autor em prol de conhecer suas obras literárias. “Muitas escritoras falaram comigo o quão importante foi a minha fala de valoração das mulheres no meio literário, o que me deixou muito alegre. Sinalizei que esse reconhecimento me deixa feliz, mas que não precisa ser agradecido porque as mulheres têm que ter sim voz em todos os espaços, inclusive o literário. Pensar dessa forma não deve ser uma exceção e sim uma regra. Houve também quem me agradecesse por ter abordado os LGBT+ na minha apresentação, pois esse é um ato de coragem, afinal, muitas pessoas podem não vir a entender e achar ofensivo – ainda que não seja, é claro, pois buscar os seus direitos é um princípio básico – e esse não entendimento pode ser prejudicial a mim. Mas é o que eu costumo dizer: eu já corro riscos todos os dias só por eu ser quem eu sou. Então, que eu corra riscos tentando fazer do mundo um lugar melhor, mais igualitário, artístico e justo para mim e para cada pessoa” – finalizou.

Para quem ainda não conhece a obra de Persí, há a oportunidade de adquirir um exemplar diretamente com o autor ou pelo site da editora Autografia (sendo a compra no site da editora sujeita a cobrança de frete). Clique AQUI para acessar o Instagram do autor e AQUI o Facebook.

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