Escritor fidelense é selecionado para participar da maior bienal da América Latina

Antônio Júnior Persí foi o único fidelense e único aluno do IFF Campos Centro a ter um trabalho selecionado pela Bienal da UNE desse ano, realizada no Rio.

Do dia 02 ao dia 05 de fevereiro aconteceu a 13ª Bienal da UNE (União Nacional dos Estudantes), a maior Bienal da América Latina, ocorrendo, este ano, no bairro da Lapa no Rio. No dia 03 houve a participação do escritor fidelense Antônio Júnior Persí, que foi o único fidelense e único aluno do IFF Campos Centro a ter um trabalho selecionado pela Bienal da UNE desse ano. Esta não foi a primeira vez que o escritor teve seu trabalho reconhecido pela Bienal da UNE. Na edição ocorrida em 2019, Antônio Júnior Persí também fez parte da Bienal ao ter a poesia “Amnésia Reversa” selecionada pela Mostra de Literatura da Bienal da UNE de tal ano, fazendo com que o escritor fosse se apresentar em Salvador, onde a Bienal da UNE ocorreu presencialmente pela última vez antes da pandemia.

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Quando questionado acerca das expectativas que foram criadas em relação à sua participação na Bienal da UNE desse ano, o escritor relatou: “Eu inscrevi três poesias na mostra artística da Bienal da UNE desse ano, algo semelhante ao que fiz em relação à Bienal da UNE de 2019. No último dia 12 saiu a lista dos selecionados. Lembro que na parte da tarde eu abri a lista dos selecionados como quem não quer nada, mas acabei que vi o meu nome e o título “Vitória Rainha” de uma das poesias que eu inscrevi. Eu não pude acreditar! Eu comecei a chorar, a sorrir, pular, gritar… Eu tive a sensação de que um raio estava caindo duas vezes no mesmo lugar e inevitavelmente me senti elétrico. Passou todo um filme pela minha cabeça, me lembrei da Bienal da UNE de Salvador há 4 anos atrás, me lembrei da carreira que eu construí de lá pra cá, de todas as dificuldades que passei para não parar de fazer arte”.

O jovem ressalta que tudo que faz é com muito sacrifício, paixão e braveza. “Sinto que fazer minha arte é uma constante batalha, então, em cada conquista eu me emociono muito, quanto mais em uma conquista como essa, na qual tive uma poesia selecionada mais uma vez entre milhares de outros artistas para a maior Bienal da América Latina” – disse.

Ao ser perguntado por nossa equipe sobre o fato de não somente levar uma poesia para a Mostra de Literatura da Bienal, mas por levar também seus livros dessa vez, o jovem explicou: “O fato de eu ter sido um artista que participou da Bienal da UNE de 2019, e que usou o suporte da UNE para continuar a escrever e lançar meus livros, foi algo que abriu espaço para mim na Bienal desse ano para além de apresentar minha poesia selecionada”.

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Persí ao lado de Marcelo Correia.

“Por volta de uma semana antes da minha apresentação na Bienal da UNE, eu conversei com o Marcelo Correia, atual coordenador da Mostra de Literatura e ele me informou que eu tinha sim toda liberdade para falar sobre minha carreira, meus livros e minha relação com a UNE além de somente fazer a apresentação de “Vitória Rainha”, minha poesia selecionada. E não somente, pois também pude comercializar meus livros pela Bienal ao longo de todos os dias do evento. Todo esse acolhimento me deixou muito confiante em relação à Bienal desse ano, afinal, eu estava desde 2019 sem escrever ou produzir poesia. Desse modo, o fato de eu ter minha vertente poética reconhecida mesmo depois de anos produzindo prosa, e o fato de eu ter a abertura para poder falar e exibir meus livros na maior Bienal da América Latina, fez com que a Bienal da UNE desse ano fosse um dos momentos mais célebres e marcantes da minha carreira”- destacou.

Persí foi um dos primeiros artistas a se apresentar e falou de cor a poesia selecionada “Vitória Rainha” e, ao final da poesia e dos aplausos do efervescente público presente, relatou sua história com a UNE. “Disse que comecei a exibir meus textos em 2018 colando poesias em banheiros de bar de São Fidélis e, que uma dessas que fiz para um banheiro, eu inscrevi para a Bienal da UNE de fevereiro 2019 e foi selecionada. Relatei que a poesia de título “Amnésia Reversa” foi apresentada na Bienal da UNE de Salvador graças ao IFF Campos Centro que custeou minha viagem para a capital da Bahia, evidenciando a importância do ensino público de qualidade. Em seguida expliquei a minha relação com a UNE e como ela foi importante para que, ao longo de 2019, eu produzisse meu primeiro livro “O Mortiço”, tendo o fim de sua escrita em dezembro de 2019 e lançamento em junho de 2020”.

O autor falou ainda sobe a grande repercussão de “O Mortiço” e salientou o fato do perfil oficial do Instagram da cantora do milênio, Elza Soares, ter compartilhado a obra e como isso ajudou para que o livro tivesse visibilidade, sendo traduzido para o espanhol, o que fez com que fosse vendido em quase 10 países. Ele também mencionou o lançamento de “A Costura”, segundo livro, e explicou como ele também teve destaque, assim como elucidou o fato de o livro ser feito não só sobre tecnologia, mas também sobre elementos da natureza bastante figurativos, como ocorre ao longo da poesia selecionada “Vitória Rainha”. “E, por fim, expliquei que tudo aquilo que eu estava dizendo não era só sobre mim, mas era principalmente em prol de cada artista novo que estava ali me ouvindo, que também teve trabalhos selecionados ou que não teve trabalhos selecionados, mas também sonha em ter obras publicadas. A UNE (União Nacional dos Estudantes) é uma potência gigantes de cultura no nosso país e na América Latina e sua Bienal não deve ser um fim, mas apenas o começo de uma parceria que venha a cultivar literatura e cultura sem parar, assim como aconteceu comigo”.

Ao final da Mostra de Literatura, o Philipe Ricardo, grande Phil Ex-coordenador do CUCA (Circuito Universitário de Cultura e Arte) da UNE e atual Produtor do Espaço CUCA da 13ª Bienal da UNE, em meio a seu discurso final da Mostra, falou sobre Persí. “O Phil apontou para mim e disse que em 2019 ele foi da curadoria da mostra de Literatura da Bienal da UNE de Salvador e selecionou meu texto “Amnésia Reversa” que apresentei na capital da Bahia. Após tal contextualização, o Phil frisou que da Bienal de Salvador até a atual Bienal, eu tinha me tornado uma das mais potentes vozes da literatura jovem brasileira e um dos mais importantes frutos da Bienal da UNE. Phil parabenizou pela minha segunda seleção na Mostra de Literatura da UNE, pela qualidade estética do meu texto selecionado e agradeceu por eu não somente apresentar minha poesia “Vitória Rainha” esse ano, mas também por incentivar os novos escritores ao relatar a minha história na Bienal da UNE desse ano”.

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Persí ao lado de Philipe Ricardo.

Na Refundação do CIRCUS (Circuito Cultural Secundarista), que também ocorreu na Bienal da UNE de 2023, Juliana Nunes Gomes, a representante da UBES (União Brasileira de Estudantes Secundaristas), citou Antônio Júnior Persí em seu discurso. Acerca de tal fato, Persí explicou que: “Ao longo de 2022 eu fui Presidente do Centro Acadêmico de Letras do IFF Campos Centro. Foi uma das experiências mais desafiadoras da minha vida, mas também foi algo extremamente transformador para mim em diversos sentidos da minha existência. A gestão da presidência de 2022 foi a mais desafiadora, afinal, ocorreu em um momento de transição entre o ensino remoto e ensino presencial, além do fato de 2022 ser um ano profundamente marcado por desavenças políticas e desmonte da educação pública de qualidade. E em meio a isso tudo, lá estava eu sendo Presidente do Centro Acadêmico de Letras do IFFlumimense, um dos principais IFFs do Brasil! Eu dei tudo de mim para essa gestão e agradeço a cada integrante do C.A. de Letras por pegar firme comigo nessa missão de lutar pelos direitos dos estudantes. Tudo indica que a minha gestão rendeu bons frutos, afinal, tive minha liderança estudantil mencionada e reconhecida”.

Ainda segundo o autor, a Juliana Gomes Nunes da UBES agradeceu sua presença na Refundação do CIRCUS e agradeceu também pelo fato de ele ter sido o Presidente do Centro Acadêmico de um curso de Graduação que não viu distinção entre o curso Superior e o Ensino Médio do IFF, pois ele se comprometeu em mobilizar o Curso de Letras do IFF para lutar contra as injustiças que vinham acontecendo em relação aos estudantes por conta dos confiscos de dinheiro destinado ao ensino público de qualidade. “Juliana agradeceu também por eu ser um dos representantes estudantis mais presentes na luta em prol da Educação feita em Campos dos Goytacazes, me esforçando para integrar os movimentos sem distinção entre minha cidade natal e Campos, que apesar da distância e das dificuldades, a luta dos estudantes de Campos também era uma luta minha. A união sempre foi uma marca muito presente nos meus discursos como Presidente do Centro Acadêmico de Letras. E versar em relação à união da educação faz muito sentido, sobretudo ao não ver distinção entre a Educação de Campos e de São Fidélis, afinal, muitos fidelenses estudam em Campos e alguns até mesmo se formam e passam a atuar em São Fidélis. Fico imensamente grato à Juliana por lembrar de mim, ainda mais por lembrar de mim como alguém que luta em prol da união e dos direitos dos estudantes. A educação é responsável pela mudança de realidade dos indivíduos e me salvou de circunstâncias aterradoras. E assim como a minha realidade foi e é mudada constantemente por conta da educação, todos hão de ter direito à educação para que suas vidas caminhem em prol de uma sociedade mudada positivamente”.

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O autor ao lado de Filipi Serpa.

Persí agradeceu à Juliana por tal reconhecimento e ao Phil por evidencia-lo como um dos mais importantes frutos da UNE. “Assim como também sou grato ao Marcelo Correia por todo suporte em relação à minha participação na Bienal da UNE desse ano. Agradeço também ao Filipi Serpa por, mais uma vez, me acompanhar em mais um evento literário e por ser responsável por grande parte das imagens feitas no dia da minha apresentação. Agradeço a Pérola da CUCA da UNE de Pernambuco que também fez registros importantes do dia da minha presença na Mostra de Literatura, assim como sou grato a todos leitores, amigos e pessoas que conheci na Bienal que fizeram, presencialmente ou não, com que essa experiência fosse tão mágica. E, por fim, é indispensável agradecer ao IFF Campos Centro por me apoiar ao longo dos anos como aluno, como líder e como artista e por me ajudar a comparecer na Bienal da UNE de Salvador e também por colaborar para que eu fizesse parte da Bienal da UNE desse ano, se mostrando uma instituição de ensino que é fortemente fomentadora de cultura e arte. Tenho projetos futuros muito importantes para serem concretizados nos próximos tempos, como a biografia da Drag Queen de Miami Olga Dantelly, e participar da Bienal da UNE logo no começo de 2023 me encheu de fôlego para ir com tudo esse ano em relação à Cultura e Arte”.

É possível perceber que esta conquista de Antônio Júnior Persí o evidencia como um grande exemplo de estudante, líder e artista nativo de São Fidélis. É importante que os jovens da nossa localidade façam como o escritor relatou na Bienal da UNE, que não deixem que as oportunidades sejam desperdiçadas e que vejam a educação como o caminho a seguir em prol de mudanças positivas para a vida de todos. Para acompanhar mais sobre a vida e carreira do escritor, basta acessar seu perfil no Instagram @antoniojuniorpersi . E para adquirir as suas obras, basca clicar aqui ou aqui. Confira abaixo o soneto de Antônio Júnior Persí que foi selecionado pela Mostra de Literatura da 13ª Bienal da UNE:

Antônio Júnior Persí – Vitória Rainha

Um frio seco, a paisagem rodeada por neblina

Um desespero, todos preocupados com a menina

A busca passa de dias, mas não há vestígios

O sumiço e a saudade se tornam litígios

 

A mata sempre presente no fim da ladeira

Não há como esquecer as montanhas de aroeira

O dia é de esperança pela luz que o Sol traz

Já as noites são de pé, fitando o matagal, sem paz

 

Como crime: investigado, sofrido, chorado

Como vida: desejo, paixão, namorado

Vontade de flutuar, vontade de correr, voar

Desejo de acelerar, desejo de crescer, gostar

 

Cabe a mim informar sobre o sumiço

Não foi sequestro e não foi morte. Foi feitiço!

Um daqueles que só pode ser feito outoniço.

 

Mas o feitiço não foi feito por uma pessoa má

Foi feito é pela própria menina que sofria de amar

Fez reza para que pudesse para sempre na mata morar

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