Escritor de São Fidélis, Antônio Júnior Persí lança seu segundo livro; “A Costura” reúne 16 contos

O lançamento do livro aconteceu neste domingo e foi dividido em dois momentos, um deles ocorreu na Biblioteca Municipal de São Fidélis

Em pouco mais de um ano do lançamento de seu primeiro livro, o jovem Antônio Júnior Persí, de São Fidélis, no Norte Fluminense, volta a enriquecer a nova geração de artistas fidelenses com seu segundo livro “A Costura”. O lançamento do livro aconteceu neste domingo, dia 21 de novembro, e foi dividido em dois momentos. O primeiro ocorreu na Biblioteca Municipal de São Fidélis, onde o autor autografou os livros daqueles que compraram na pré-venda. O segundo momento foi um coquetel no Usina Gastrobar, onde o autor compôs a Semana da Consciência Negra proposta pelo bar, confraternizando com amigos e leitores, fazendo esclarecimentos sobre sua nova obra e oficializando o início das vendas de seu livro ao grande público. “A Costura” tem o prefácio assinado por Ana Poltronieri, assim como a contracapa. Ana Poltronieri foi professora de Persí no curso de Letras do Instituto Federal Fluminense, sendo a primeira docente a dizer ao autor que ele era um escritor nato. Tudo indica que Persí deu mesmo ouvidos a Ana, afinal, acaba de lançar seu segundo livro. Confira a entrevista concedida pelo jovem ao SF Notícias:

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Contos são sobre natureza e tecnologia
“São temas aparentemente contraditórios, mas têm em comum o ser humano. O ser humano é natural e ultimamente tem sido tecnológico. Contudo, a humanidade não sabe lidar bem com a natureza, muitas vezes fazendo mal proveito dela e mesmo assim já tem se lançado em um novo meio que é o meio tecnológico. Isso faz com que o ser humano acabe passando a lidar mal com mais uma coisa. Os indivíduos nem mesmo terminaram de se adequar ao meio ambiente e já se inseriram uma nova realidade, que é a tecnologia. Os contos presentes no meu novo livro apresentam uma humanidade perdida entre o que é natural e o que é tecnológico” – explica o autor.

Como é o formato do livro? 
“A Costura é um livro de contos que se intercalam em suas temáticas. O primeiro conto tem a temática ambiental, o segundo conto tem a temática tecnológica, o terceiro tem a temática ambiental, o quarto tem a temática tecnológica… E assim vai. É um livro de contos que tem as temáticas intercaladas a cada capítulo, formando uma verdadeira costura. Mais um aspecto interessante a ser destacado sobre o formato do livro é que ele tem contos com a linguagem na primeira pessoa, colocando o leitor na vivência das histórias. Outros contos são na terceira pessoa, fazendo com que o leitor tenha uma visão mais macro dos acontecimentos. E alguns até mesmo flertam com a segunda pessoa. Isso tudo é uma maneira de mostrar pluralidade e diferenças que se encaixam em um só livro, o que faz coerência com o título” – destaca o jovem.

Como foi sua preparação para escrevê-lo, suas inspirações?
“Alguns poucos contos eu fiz há anos atrás, principalmente os contos do começo do livro. Se eu não me engano, apenas dois contos. Eu estava estudando contos na faculdade e isso me deu o ímpeto de escrever contos. Contudo, a grande maioria dos contos foram feitos durante a pandemia. Eu preso em casa não tinha muito como experienciar o mar, por exemplo. O mar que é importante em alguns momentos do livro. Para conseguir ter mais propriedade para falar sobre o mar, eu precisei assistir inúmeros documentários sobre os oceanos, precisei ler livros e artigos de biologia e sobre mergulho para entender melhor sobre a vida marinha, sobre a visibilidade dentro d’água e até mesmo o comportamento humano em relação ao mar. Em outro conto eu precisei entender a velocidade e eu não sei dirigir nem estava podendo viajar, aí caí de cabeça em jogos de corrida de carro para entender melhor a dinâmica da velocidade, assim como assisti muitos documentários sobre estradas. Essa questão de estar na frente do computador que é presente na capa é muito da dinâmica que eu tive para fazer esse livro. Mas, o mais importante foi olhar em volta. Muitos dos contos presentes em “A Costura” são inspirados em São Fidélis, nas montanhas, na relação do povo com as pontes, os pontos turísticos, a maneira de viver que só as pessoas de São Fidélis têm, a minha experiência com a cidade. Tudo isso foi extremamente inspirador e é muito latente nesse livro” – disse.

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Para o autor, a capa do livro “A Costura” é uma verdadeira quimera
Quimera era um monstro da mitologia grega com cabeça de leão, corpo de dragão e calda de serpente. Quando eu pensei na capa de A Costura, eu pensei em desconexão. A foto da capa foi feita no meado do ano. Para que a foto fosse feita, eu fui de carro para a Esperança, localidade próxima ao bairro Coroados. O carro foi conduzido pelo meu melhor amigo, João Marcos Alecrim, e ele levava a mim, a João Paulo Coutinho, juntamente com uma mesa, uma cadeira e um notebook. Fomos para o meio do mato. Eu disse a todos que eu sabia para onde estávamos indo, mas não era verdade. Eles me perguntavam constantemente para onde iríamos e eu dizia que já estava chegando. Mas eu não sabia exatamente onde a foto seria tirada. Eu queria que fosse um processo orgânico. Queria que a natureza me dissesse onde a foto seria feita. E ela me disse! Do nada eu falei “Para o carro e desce todo mundo”. Posicionamos as coisas e disse a João Paulo Coutinho para sentar de maneira que parecesse cansado. A foto foi feita. Enviei para a editora e disse que queria um computador bem futurista na capa. Disse também que queria cores muitos fortes e que queria que a imagem passasse a sensação de desconexão.

Há muitas histórias escondidas nos detalhes da capa do livro. Há um computador no meio do mato, que passa a ideia de não adequação. Há um homem com um rosto adulto e um corpo adolescente. Na tela do computador há uma constelação, como se o homem presente na capa se interessasse mais pelo que há na tela do que na beleza natural que o cerca. Mas não seria a tela uma escapatória das montanhas que servem como grades? A tela não levaria o homem para além dessa realidade, para além desse mundo? Os arredores são lindos, mas temos vivido num mundo doente. Olhar as constelações não seria uma forma de procurar um local melhor do que aqui? Em meio a pandemia, contemplar o mundo por meio de telas tem sido o que nos resta.

Há muito de mim nessa capa. Toda a desconexão proposta nela é uma desconexão que vive dentro de mim. Eu sempre fui um outsider, sempre fui uma pessoa que tem dificuldade de pertencer a um lugar, a uma tribo. Meus melhores amigos não têm nada a ver comigo. Eu sempre fui diferente, muito excêntrico, muito singular. Essa capa é uma celebração dessa minha estranheza e da estranheza de todos que também são assim. Estranheza esta que versa perfeitamente com esse livro que é sobre costurar, enfiar coisas diferentes em um lugar só” – finalizou. Para adquirir o livro basta entrar em contato com o autor pelo Facebook Antônio Júnior Persí ou pelo seu perfil do Instagram @antoniojuniorpersi.

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