Em um relacionamento sério… com o celular

Imagens: Divulgação
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Oi Pessoal, tudo bem? A minha coluna dessa semana vai abrir espaço para uma discussão que está nas mesas dos bares, na televisão, no trabalho e até mesmo na sua casa… Isso se você presta atenção no mundo ao seu redor e tira o olho da tela do seu celular, por pelo menos alguns minutos. Até que ponto a tecnologia facilita a vida das pessoas?

Depois de assistirmos ao filme “ELA” de Spike Jonze, que conta a história de Theodore (Joaquin Phoenix), um escritor solitário, que acaba de comprar um novo sistema operacional para seu computador e se apaixona pela voz deste programa informático, dando início a uma relação amorosa entre ambos; conversei com minha amiga Carol Lemos sobre tudo isso, o filme nos causou grande angústia, afinal de contas tudo que vimos ali está muito próximo e totalmente possível de acontecer. Esta história de amor incomum que explora a relação entre o homem contemporâneo e a tecnologia é o tema da minha coluna de hoje, que foi gentilmente escrita pela minha querida amiga Carol Lemos. Boa Leitura!

Era maio. Ou outubro. Janeiro, talvez. Não importa desde que o ano seja entre 1986 e 1999.

As crianças andavam de bicicleta, jogavam bola, subiam em árvores, corriam, se sujavam, tinham apelidos engraçados… Eu me lembro, eu estava lá e era uma delas! Bullying não era nem palavra nos dicionários daquele tempo.

Para as que moravam em prédios, como eu, era comum ouvir as mães gritando pelas janelas: “Fulano, sobe pra jantar!!!” ou “Fulana, hora do banho!!”. Bons tempos. E olha que não estou falando dos anos dourados nem da época de vovó usando biquíni! Ontem mesmo as pessoas interagiam entre si. As mães preocupadas, as crianças ansiosas, os adolescentes rebeldes, os casais apaixonados, se comunicavam por meios quase obsoletos, como a boa e velha carta e o tal do “pessoalmente” (que hoje se encontra em vias de extinção). Atualmente, como um tema de jornal de ciência, nos perguntamos: “E estas crianças sujas e felizes, onde estão? Quais são seus hábitos? O que as espera no futuro?”

Quanto à primeira pergunta, respondo por mim. Estou agora atrás de um computador, com cinco páginas de sites abertas, um celular ao lado, no qual, de três em três minutos eu leio e respondo mensagens. Quem estiver muito diferente, que atire a primeira pedra.

Já a segunda resposta chega ao meu tema principal. É impressionante ver como as gerações que nasceram “offline”, celularhoje dependem de celulares e internet para viver. Falo por mim, que há algumas semanas, ao entrar no metrô, me dei conta que havia saído de casa sem celular. Foram quatro longas horas de abstinência até nosso reencontro, e um dia de compromissos adiados. Sair sem roupa teria me dado menos dor de cabeça e menos prejuízo naquele dia. Na semana seguinte, esqueci minha carteira com dinheiro e todos os documentos e segui o dia em paz, com agenda cumprida. Vai entender…

Outro dia li (numa rede social, claro) a seguinte frase: “Reza a lenda que, se você soltar o celular e levantar a cabeça, verá ruas, pessoas, animais, árvores, carros e muito mais.” Entre uma mensagem e outra, tentei e funcionou. Só não durou muito tempo.

Normal hoje é chegar na casa de um amigo já perguntando a senha do Wi-fi. É ver bebês em seus carrinhos olhando fixamente para seus (sim, SEUS!!!!) Ipads e ignorando a paisagem em volta. É partir pra falta de educação e usar seu celular nos cinemas e teatro, sem nem se dar conta de que está atrapalhando a pessoa ao lado. É não saber do casamento da amiga porque não olhou o evento no Facebook (aconteceu semana passada…)! É fazer pesquisas escolares no Google e terminar (de copiar e colar) em minutos. É esquecer de anotar o dever de casa no colégio e pedir pro amigo mandar via Whatsapp. É decorar uma infinidade de senhas com uma facilidade que as tabuadas jamais viram! É nunca estar numa mesa de restaurante ou festa onde não há alguém teclando! É selfie! É selfish!! É a conexão virtual das pessoas acabando com os relacionamentos reais!

20140302123616874457aHá pouco mais de um mês assisti o filme “Ela”, do diretor Spike Jonze. Perturbador. Saí incomodada e até meio assustada com o futuro que o filme propõe para a sociedade – uma relação de amor real com uma máquina! Desde então não parei de refletir sobre como o mundo está doente e caminhando a passos largos para esta vida solitária e triste, graças aos nossos apêndices eletrônicos. O filme vale, antes de tudo, pela crítica, pela provocação e pela discussão que levanta e DEVE ser assistido, se não como entretenimento, como uma forma de reflexão.

Dito isto, preciso ir. Meu celular toca e já tenho e-mails para responder. E assim me despeço… Entre celulares, Ipods, Ipads, Itouchs,mensagens instantâneas, redes sociais, e-mails, senhas, palavras abreviada…  A vida segue!! Até que o 3G nos desconecte.

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