
Predominante da região Sudeste a tribo indígena Puri, que muitos acreditam ter sido extinta do Norte Fluminense, está ganhando força para ressurgir através de indígenas remanescentes que buscam preservar a cultura e tradição de seu povo.
Opetahra Puri, registrada como Solange Reis, é uma dessas descendentes, dos índios que habitavam São Fidélis, os Puri – Coroados. Em entrevista ao São Fidélis Notícias, a bolsista indígena da Universidade Federal de Viçosa, Minas Gerais (UFV) e autodeclarada na Fundação Nacional do Índio (FUNAI), falou sobre este trabalho:
“ – Os Puri Coroados sempre habitaram toda essa região, todo norte fluminense é do nosso povo. Hoje faço o resgate cultural e busco reunir todos novamente. A gente busca junto a FUNAI um território para reunir nosso povo”.
Um dos primeiros passos tomado por Opetahra foi reflorestar sua propriedade na localidade de Pirai, zona rural de São Fidélis, que hoje é território indígena, tendo inclusive, uma placa de indicação para o Centro de Referência Indígena Cultural Aldeia Uchô Puri. No local, a descendente dos puris plantou várias mudas em torno de uma árvore grande, que seria usada como referência para os rituais dos índios, como danças e outros costumes tradicionais. Entretanto, segundo Opetahra, a árvore foi cortada por funcionários da Ampla, que foi acionada por moradores para podar alguns galhos que estavam interferindo na fiação elétrica. Ao invés de podarem, cortaram todo o tronco da árvore sem a autorização da proprietária do terreno, que estava viajando por compromissos na faculdade.
“- Os funcionários da Ampla desmataram na beira de uma nascente. Aquilo lá é um córrego e embaixo é um lençol freático. Eles entraram no meu terreno, sem autorização, porque eu estava na universidade, e cortaram uma árvore que serviria para fazer rituais de dança, canto e estudos. Justamente aquela árvore eles cortaram” – desabafou, visivelmente emocionada. – “ Se eles me pedissem, eu deixava podar. Aquela árvore era a única adulta do terreno, eu estava preparando para fazer nossa vivencia ancestral. Foi uma perda sentimental irreparável”.
Ela chegou a ir na delegacia registrar ocorrência de crime ambiental contra a Ampla, mas foi encaminhada para a Secretaria de Meio Ambiente, que precisa emitir uma ordem de policiamento. Além do desmatamento, se confirmado, o caso também pode ser enquadrado como invasão de propriedade particular. “- Na delegacia, disseram para eu procurar a Secretária de Meio Ambiente, para ter o laudo de que ocorreu desmatamento em área nativa, mesmo sendo de ordem particular. A secretaria ia comunicar os guardas para irem lá, mas até hoje
ninguém apareceu”. Nossa redação tentou entrar em contato com a Ampla, mas até o fechamento desta matéria não obtivemos resposta.
Dia da Árvore
Enquanto o desmatamento segue como um grave problema ambiental, na última quarta-feira (21.09) foi celebrado o dia da árvore, que tem como objetivo principal a conscientização a respeito da preservação desse bem valioso. Em São Fidélis, a data passou quase desapercebida, pois não foi realizada nenhuma grande ação sobre o tema.
Por: Kariny Maia e Matheus Berriel