Coleta de lixo feita de forma improvisada coloca em risco trabalhadores em São Fidélis

Funcionários ficam pendurados em caminhões inapropriados e não usam equipamentos de segurança. Dois acidentes já foram registrados
Fotos: SF Notícias

A coleta de lixo é um serviço essencial para a sociedade, mas é uma atividade devastadora para a saúde e coloca em risco a integridade física dos trabalhadores, começando pelo próprio objeto, o lixo. Desde que a prefeitura de São Fidélis assumiu a coleta de lixo, ao não renovar o contrato com a Performa Ambiental, que desde 2013 era responsável pelo serviço, o que tem se visto pelas ruas são funcionários se arriscando ao ficarem pendurados em caminhões inapropriados e até mesmo, sentados em meio ao lixo.

Muitos deles não usam nem equipamentos de proteção individual, como roupa de mangas compridas, calçados, óculos, e luvas. “Eles estavam catando o lixo na minha rua com a mão. Um perigo. Um deles até tinha luvas, mas não estava usando. Estava segurando ela pela boca e pegando o lixo com a mão”, disse Elisabete Silva, moradora do Centro da cidade.

Os riscos são tantos que provocam até acidentes. Duas pessoas foram atropeladas em menos de dez dias. Uma delas é um catador que sofreu fratura exposta em uma das pernas ao ser atropelado por um trator esteira no lixão. A outra vítima é um funcionário da prefeitura que foi atropelado por uma retroescavadeira quando fazia a coleta de entulhos no Centro do município.

A foto abaixo mostra um dos funcionários da prefeitura sentado no alto da caçamba de um caminhão e com parte do corpo no lixo. Ela foi feita na manhã desta sexta-feira (17/11). Após receber a imagem, nossa redação enviou a mesma para a Técnica de Segurança do Trabalho, Dayse Maia Granja. Ela fez um levantamento de risco superficial utilizando a foto que enviamos.

continua após a foto

Para Dayse, o trabalhador está exposto diretamente ao risco biológico e não está usando EPI correto para tal atividade. Ela disse que o primeiro erro grave é o funcionário estar em cima do caminhão sem proteção. Segundo Dayse, a Norma Regulamentadora (NR) NR-35, que trata sobre trabalhos em altura, estabelece os requisitos mínimos de proteção para o trabalho em altura, envolvendo o planejamento, a organização e a execução, de forma a garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores envolvidos direta ou indiretamente com esta atividade. Lembrando que, considera-se trabalho em altura, toda atividade executada acima de dois metros do nível inferior, onde haja risco de queda.

A imagem também mostra que foram improvisadas barreiras para evitar que o lixo caia nas ruas, o que não está funcionando. São vários os relatos de moradores quanto à queda de lixo no meio das ruas. Desde quinta-feira (16) dois caminhões compactadores, que foram alugados pela prefeitura, estão fazendo a coleta, mas os problemas continuam.

Outro fator que preocupara os moradores, principalmente os que moram perto do lixão, é a quantidade de lixo que desce pelo morro e invade propriedades. A cena foi registrada pelo ambientalista Arthur Soffiati.

“Passei por São Fidélis no último dia 11 e fiquei estarrecido com a cena que vi no lixão. O lixo descendo o morro e alcançado a estrada. Existe a Lei Federal dos Resíduos Sólidos que obriga as cidades a instalarem aterros sanitários e a reciclar o lixo. São Fidélis construiu um aterro sanitário que nunca funcionou. Que explicação o governo municipal dá para continuar lidando com o lixo de maneira tão desleixada e anti-sanitária? Qualquer que seja a resposta, não há justificativa para esse tipo de descuido”, disse o ambientalista.

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