Cidade Poema em prosa e versos

Começou o V Festival de Poesia Falada de São Fidélis, evento de grande repercussão que leva o nome do município em nivel nacional e internacional, fazendo jus ao nome Cidade Poema!
Conhecida pelos seus famosos saraus, seresteiros e por seus poetas que cantavam em versos e prosas a cidade de São Fidélis.
Suas lendas, seus costumes, o traçado desenhado de sua arquitetura e suas belezas naturais são temas dos milhares de poemas escritos e declamados.
Nomes como os saudosos Antônio Roberto Fernandes, Ângela Maria Pires Ribeiro, Silmar B. Pontes, Chico Caçador, Aurênio Pereira Carneiro (escritor) Pedro Emílio, Isaías Nunes, Roberto Boneco, Carlos Batalha entre outros, fazem parte da memória da nossa Cidade Poema.
Com a abertura oficial do V Festival de Poesia Falada de São Fidélis, impossivel não lembrar dos artistas, poetas apaixonados pelo seu lugar.
Somos ricos de cultura, de geração em geração somos presenteados com novos artistas poetas, que decifram a vida em versos e rimas.

José Carlos Rison, Rosangela Abreu, Ronaldo Barcelos, Arinda Ferraz, José Moreira Sobrinho, José Maria Mangia, Luzia Abreu, Gustavo Policarpo, Antônio Manoel Sardenberg, Geraldo Evangelista, Fátima Panisset, Ana Regina Soares Ribeiro, Déa Dilza, Tatiana Monteiro,Maria Helena Hespanhol, Quezia Lins, Sônia Sóta, Jucilene Faustino, Maria de Lourdes Pires Ribeiro.
A nossa homenagem aos nossos poetas, filhos da Joia Rica do Brasil… Cidade Poema.

 

Carta a São Fidélis

Antônio Roberto Fernandes
“Cidade de São Fidélis,
universo pequenino
dos meus dias de menino,
minhas noites de rapaz.
Cidade daquele tempo,
o tempo não volta mais. . .

Cidade com seus desfiles,
da Banda com suas tubas,
o “Barão de Macaúbas”
meu doce grupo escolar.
Cidade, nos seus desfiles
não posso mais desfilar.

Cidade dos meus estudos,
– ”pois quem estuda é que vence” –
o Ginásio Fidelense,
a mundo a nascer do giz.
Cidade, quem sabe muito
é sempre mais infeliz.

Cidade, o velho cinema,
o amendoim torradinho,
o revólver do mocinho
com mil balas no tambor.
Cidade dos velhos filmes,
meu filme não tem mais cor.

Cidade, as nossas peladas
pelos terrenos baldios,
as pipas presas nos fios,
as brigas monumentais. . .
Cidade, eu saí do time
e os ventos sopram demais

Cidade, leilão, retreta,
roupa nova, ladainhas,
foguetório e barraquinhas
no vinte e quatro de abril.
Cidade, acabou a festa
e o seu menino sumiu.

Cidade, quede as lagostas,
os robalos, os dourados,
os peixes mais variados
que o rio pródigo dá?
Cidade, suas lagostas
fugiram do meu puçá.

Cidade, o povo na missa
e o sol nos vitrais batendo
vai a igreja acendendo
nas manhãs dominicais.
Cidade, na sua missa
eu não me ajoelho mais.

Cidade, fim-de-semana,
o amor queimando por dentro,
as moças todas no centro,
rodando pelo jardim.
Cidade daquela moça
que nunca ligou pra mim.

Cidade que dorme à beira
do Paraíba macio
e transpõe o largo rio
na ponte de um carro só.
Cidade, o laço da vida
só vai acertando o nó.”

Cidade das ruas retas
que à noite ficam tão mortas
e agora são ruas tortas
pois a cidade cresceu.
Cidade das ruas tortas,
mais torto é o destino meu.

Fidélis de Sigmaringa
guia meus passos incertos
e nos seus braços abertos,
lá do alto do Matriz,
traz, num milagre, de volta
o tempo em que eu fui feliz. . .

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