Através de cambucizeiro plantado no IFF Cambuci, professor e alunos desenvolvem projeto para produção de mudas

Segundo o professor responsável pelo projeto, o nome popular "cambuci" é de origem indígena e provém da forma de seus frutos, parecidos com os potes de cerâmica indígenas que recebiam o mesmo nome. O cambuci é considerado uma espécie vulnerável
Imagem ilustrativa/ Foto: reprodução Unicamp

Apesar de ter o mesmo nome do fruto, o município de Cambuci, no Noroeste Fluminense, não tem muitos cambucizeiros (Campomanesia phaea), espécie que esteve em risco de extinção por ser fortemente explorada devido a sua madeira de excelente qualidade e pelo desmatamento provocado pelo crescimento das cidades. Mas, através de um projeto desenvolvido pelo professor Vicente Martins Gomes, de Agricultura, e alunos do IFF Cambuci, isto pode mudar. O campus conta com um cambucizeiro, que ainda este ano deve produzir. Ao SF Notícias o professor relatou como surgiu a ideia de plantar a muda no campus e falou sobre o projeto. Ele destacou o intrigante questionamento sobre a etimologia da palavra Cambuci e as frequentes indagações por parte dos estudantes sobre o porquê deste nome. “Esta espécie que é nativa da Mata Atlântica e apesar da crescente preocupação com este bioma, no âmbito nacional e internacional, poucas medidas efetivas têm sido tomadas para a preservação e recuperação dessas áreas. Como resultado, ocorre a extinção local de espécies, principalmente aquelas mais sensíveis a distúrbios e que sofram pressão adicional do seu uso pela população. Este é o caso do cambuci (Campomanesia phaea (Berg.) Landr.) Frutos de Cambuci são muito procurados pela população rural para preparo de sucos, sorvetes e bebidas alcoólicas. As espécies desse gênero possuem importância econômica diversificada. Seus frutos comestíveis são consumidos por várias espécies de pássaros e mamíferos, sendo também usados na produção de doces caseiros, sorvetes, aguardente, licores e refrescos” – explica.

De acordo com o professor, o nome popular “cambuci” é de origem indígena e provém da forma de seus frutos, parecidos com os potes de cerâmica indígenas que recebiam o mesmo nome. “Suas árvores eram abundantes na cidade de São Paulo, tanto que no começo do século XX, no ano de 1906, deu nome a um bairro tradicional da cidade, o bairro do Cambuci. No caso da cidade de Cambuci não podemos afirmar se a origem deste nome foi devido à presença de uma etnia indígena e que fazia uso de uma urna funerária que tinha o formato do fruto de Cambuci. Ou se é pela presença marcante desta planta nas terras deste município. O fato é que atualmente quase não encontramos exemplares desta espécie na região” – disse. Ele destaca ainda que atualmente, devido ao desmatamento das suas áreas de ocorrência natural, o cambuci é considerado uma espécie vulnerável pela IUCN (International Union for Conservation of Nature). “Assim, o trabalho do IFF Cambuci visa entre outras coisas verificar a influência do estágio de desenvolvimento do material vegetativo, herbáceo, semi-lenhoso e lenhoso bem como a possibilidade do uso de mini estufas em garrafas tipo PET na propagação para o enraizamento de estacas de Cambuci. E caso consigamos êxito nesta produção de mudas certamente conseguiríamos mudar significativamente a presença desta espécie no município, pois a mesma passaria a ser distribuída (doada), para ser plantada nos quintais, e fragmentos remanescentes de Mata atlântica” – afirma.

Em algumas propriedades do município, conta o professor, ainda é possível encontrar matrizes desta espécie. “Recentemente recebemos a doação de frutos e de algumas mudas que prontamente buscamos plantar algumas no espaço do campus do IFF Cambuci, e doamos outras para alguns produtores locais” – relata. O trabalho busca agora conseguir multiplicar vegetativamente a espécie e a partir de então serão doadas mudas de Cambuci para reflorestamento e recuperação de áreas degradadas. “Até o momento já tivemos alguns alunos envolvidos no projeto. Atualmente estamos com o aluno Romário Alves de Azevedo Junior, 2º ano do curso técnico em Agropecuária, que vem desenvolvendo o trabalho com grandes expectativas de resultados” – destaca.

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