Residindo em diferentes municípios do Norte Fluminense, com atividades agropecuárias diversificadas, mas com um elemento em comum: a luta pela recuperação de nascentes. Os agricultores familiares José Sebastião Brum (da microbacia São Domingos, em Conceição de Macabu) e Emoildes Talon (da microbacia Córrego da Taquara, em São Fidélis) estão comemorando os resultados da proteção de nascentes. Ambos já tinham consciência do que precisavam fazer para ter mais água e vida em suas propriedades, mas foi com incentivo do Programa Rio Rural, da Secretaria de Estado de Agricultura e Pecuária, que eles puderam aderir a campanha Água Limpa para o Rio Olímpico e, assim, verem a água brotando de suas terras.
Emoildes vive da pecuária de corte, da piscicultura e do turismo rural em um pesque pague familiar. Assim como para todos, a água, na opinião dele, é um bem de total importância. Há quase dois anos, o agricultor fidelense cercou uma área de um hectare no entorno da nascente, num dos morros de sua propriedade, e plantou árvores que ajudaram na recuperação. “Sempre soube que esse morro era diferente porque era úmido. O técnico da Emater-Rio identificou que aqui deveria ter uma nascente seca. Ele orientou a proteção e, desde que o gado parou de pisar na área, a água foi voltando e ficou essa poça que escorre quando chove. Essa nascente ainda vai abastecer minha casa. Quando as árvores crescerem acredito que esta poça vai virar um riachinho”, disse.
Até março deste ano, a campanha Água Limpa para o Rio Olímpico atingiu a marca de 635 nascentes protegidas graças a parceria com agricultores familiares como Emoildes e José Brum. Ao todo, 262 proprietários rurais protegeram a nascente com recursos próprios, seguindo exemplos de sucesso de vizinhos ou amigos. O trabalho é realizado com orientação técnica da Emater-Rio e inclui ações de sensibilização e mobilização dos agricultores e parceiros. A meta é proteger 2016 nascentes até os jogos olímpicos do Rio de Janeiro. Em todas as microbacias hidrográficas trabalhadas pelo Rio Rural no Estado, existem 44.889 km de rios que podem ser manejados de forma sustentável ou preservados.
Produtor rural há 28 anos no assentamento São Domingos, em Conceição de Macabu, José Brum também protegeu duas nascentes, sendo uma com incentivo do Rio Rural. “Proteger é bom pra todo mundo. Nós aqui é que cuidamos da água que chega nas cidades. Quando cuido da nascente, deixo de gastar energia para irrigar os pastos. Fica bom pra quem está na cidade, bebendo água limpa, e pra mim, que economizo. É um dever da gente proteger a água”, avalia o agricultor macabuense, que vive com a mulher praticando um sistema agroflorestal (SAF) onde cultiva abacate, banana, aipim, feijão, palmito pupunha, jiló, açaí, café e hortaliças para consumo familiar em meio a uma área recuperada ao longo de quase três décadas. “Quando chegamos, só tinha um pé de jaca. Todas estas árvores fomos nós que plantamos”, finalizou.
Fotos: Flávia Pizelli/Rio Rural