Morador quer descobrir origem de talheres raros encontrados enterrados em Banquete, distrito de Bom Jardim

Marcio encontrou os “tesouros” há 15 anos e disse que chegou a receber uma oferta de R$ 20 mil pelas peças
Fotos: Arquivo Pessoal

Era só mais um dia comum para Marcio da Rosa Costa, quando há cerca de 15 anos ele saiu de casa com o objetivo de retirar algumas mudas frutíferas próximo a antiga linha de trem, no distrito de Banquete, em Bom Jardim. Mas, enquanto cavava a terra, ele acabou encontrando um tesouro.

Enroladas em um pedaço de couro estavam duas colheres, que aparentam ser de prata. Os talheres mostram cenas de outra época. Em uma, dois homens sentados à mesa, com vestimentas anteriores ao século XX. Na outra foram talhadas fazendas, moinhos, animais, um rio.

Os cabos também são decorados, com caravelas e com uma imagem que aparenta ser um homem com um cão. Um trabalho minucioso que sem dúvidas foi feito à mão. “Encontrei perto da onde eu moro, perto da antiga linha de trem. Fui tirar mudas de bananeira pra replantar e quando cavei encontrei as colheres no pedaço de couro” – relatou Marcio ao SF Notícias, hoje com 41 anos.

Ele conta que anos atrás chegou a receber uma proposta para vender as peças por R$ 20 mil para um historiador de São Paulo. Mas, Marcio afirma que ficou receoso de que elas valessem muito mais e mesmo anos após encontra-las, a vontade de descobrir a origem delas não desapareceu. 

No mês passado ele levou as peças até o museu de Bom Jardim, mas por lá, não encontrou nada parecido com as mesmas. A descoberta de Marcio foi datada e catalogada. Ao SF Notícias, o gestor do museu, Jackson Vogas, informou que foram realizadas pesquisas e que estão dispostos a mandar os achados para estudo. “Acho que os talheres são holandeses decorativos. Tinham costume de elaborar talheres inspirados nesse tema, motivos de ‘viagens imperiais, navegação’. Costumavam ser de prata de lei, devem ter mais ou menos 150 anos. São peças de leilão, historicamente importantes” – disse o gestor.

Para a mãe de Marcio, dona Madalena da Rosa Costa, de 61 anos, os talheres podem estar relacionados ao tombamento do vagão de um trem, que segundo ela ocorreu por volta de 1965 na região onde eles foram encontrados. “Eu era criança e minha mãe me levou pra ver. Foi um trem do trajeto Banquete a Friburgo. Não morreu ninguém só um vagão descarrilou” – conta.

O distrito de Banquete por si só já tem uma relação com o período imperial. O nome estaria ligado a um banquete, feito por moradores daquela região para Dom Pedro I, que teria passado pelas terras onde fica o distrito, para inaugurar a vila de Cantagalo. E agora, o achado de Marcio é mais um acréscimo para a história da região.

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