Em 1966, São Fidélis enfrentou a maior enchente de sua história

O Rio Paraíba subiu tanto que chegou até o pátio da Igreja Matriz
Foto: Divulgação
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Eram meados de janeiro do ano de 1966, há 52 anos, quando o Estado do Rio sofreu uma das piores enchentes de sua história. Em São Fidélis, o Rio Paraíba do Sul, que já era farto, inundou a cidade, devido as fortes chuvas que caíram em sua cabeceira. O rio subiu tanto que passou por cima da Ponte Metálica e das escadas da Igreja Matriz, os veículos e bicicletas foram substituídos por barcos. Quem viveu nos dias da enchente lembra até hoje do desespero da população fidelense.

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Maria das Graças Alvarenga, hoje com 60 anos [entrevista feita em 2016] tinha apenas 10 anos na época da enchente. Ela relembra o desespero que passou junto a sua família enquanto a água subia. “Eu era pequena, estavam socorrendo as pessoas do Centro, aonde a água sempre chega primeiro e nossa casa também enchendo. Meu pai saiu para socorrer minha avó no centro e eu e meus irmãos chorando porque a casa estava enchendo, não tinha para onde ir

e meu pai não chegava”. Dono de comércio localizado no Mercado Municipal, o senhor Amaury Monteiro Machado, conta que entrou nadando para tentar salvar as mercadorias. “Eu me envolvi com a enchente salvando as coisas do Mercado, eu não tinha ninguém para ajudar, eu tenho um problema no braço. Arranjei dois caras amedrontados de atravessar”. Segundo ele, os homens tiveram medo, já que a água entrava tanto pela frente como pelas portas do fundo. “Ninguém esperava que fosse tanta água, aquilo ali ficou um mar”- afirma. Fábio de Azevedo Freitas, de 54 anos, também era pequeno quando a enchente atingiu a cidade. Ele conta que morava na casa do avô, localizada na Rua Duque de Caxias, próximo a Beira Rio e que ficavam observando a subida da água o tempo todo. “Me parece que chovia demais lá pelas bandas de Minas Gerais e creio este foi o motivo da cheia tão grande. Meu Avô era comerciante,

Foto: Fórum Francisco Polycarpo/ Divulgação
Foto: Fórum Francisco Polycarpo/ Divulgação

tinha um armazém e já estava preparando mantimentos. Caso a cheia atingisse a casa, evacuaríamos para o morro nos fundos do terreno e fora da propriedade, mas como a casa se localiza em um dos pontos mais altos da Rua, ocorreu que as águas baixaram e não fomos atingidos”. Ele também lembra do pai ajudando a tirar os idosos do Centro Espírita José Castro, os carregando nos braços e que as canoas pelas ruas inundadas eram usadas para locomoção e socorro dos que estavam na água. Ele lembra que apesar do desespero dos moradores, a ajuda ao próximo não faltou. “Nestas horas de angústia, a solidariedade se manifesta e muitos se propuseram a ajudar”.

Foto: Campo de Aviação/ Divulgação

Para ele é triste ver o rio, que era volumoso e calmo, no estado em que se encontra hoje. “Fico triste de ver como o Rio está maltratado e poluído. Quando eu era criança, suas águas eram claras e tomávamos banho de rio no verão. O rio era caudaloso. Hoje quem se aventura a banhar-se nele corre o risco de afogar, pois está assoreado e cheio de buracos provocados pela extração de areia”. Outros relatos da época indicam que as pessoas ficaram abrigadas no Lar dos Idosos e no Fórum da cidade. Alguns afirmam que um avião de pequeno porte trazia alimentos e água. Ele pousava no campo de aviação, onde atualmente se localiza o conjunto habitacional, no bairro Jonas de Almeida. A Cruz Vermelha distribuía leite em pó e outros mantimentos. A inundação deixou várias famílias desabrigadas e fez com que as pessoas precisassem se mudar para locais mais altos as pressas. Tamanho foi o desespero que levou várias pessoas a se reunirem na praça Praça Guilherme Tito de Azevedo, no Centro, para rezar e pedir para que as águas parassem de subir.  Relatos como estes auxiliam a relembrar o grande evento ocorrido na cidade. A enchente de 1966, marcou a vida de muitas pessoas e a história da Cidade Poema.

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