Aproximadamente 500 mil pessoas estão sem água encanada desde às 19h30 da noite de ontem no município de São José dos Campos, região do Vale do Paraíba, em São Paulo.
O abastecimento foi interrompido após o rompimento de uma barragem de mineração de areia que fica às margens do Rio Paraíba do Sul, no município de Jacareí. O rompimento aconteceu na manhã de ontem, quando a mineradora Rolando Comércio de Areia fazia as atividades de extração em uma cava de areia próxima ao rio.
De acordo com a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB), a empresa lançava as águas residuárias, provenientes do beneficiamento, na lagoa da mineração Meia Lua 1. A empresa possui licença ambiental de operação da CETESB, mas a lagoa de mineração está em processo de renovação da licença e, por isso, deveria está com suas atividades paralisadas. Duas máquinas estão sendo usadas pela empresa para tentar reconstruir a barragem, e acabar com o vazamento.
O lançamento não autorizado provocou uma elevação do nível de sedimentos na lagoa e causou o rompimento da estrutura, lançando os rejeitos no Rio Paraíba do Sul, que abastece cidades nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Em São José, a água captada no rio abastece 75% da população. A empresa que faz a captação e distribuição da água, está fazendo coletas no rio de hora em hora.
Em conversa com a nossa produção, o ambientalista Aristides Soffiati disse que o que realmente vazou foi material sólido inerte, que não se mistura com a água, mas é transportado por ela até afundar e se depositar no leito. Segundo ele, enquanto isso não acontece, a captação para abastecimento fica afetada porque as Estações de Tratamento de Água não dão conta de eliminas os sedimentos.
“Não estou dizendo que o acidente não é grave. É sim. Isso mostra a vulnerabilidade dos rios no Brasil às atividades de mineração. Só não tem a gravidade do vazamento da Samarco na Bacia do Doce. Não sei qual o volume de água para avaliar se a vazão do Paraíba do Sul aumentará na nossa região. Uma conclusão preliminar é certa: o rio sofrerá assoreamento até o ponto em que a arei conseguir chegar. Provisoriamente, não sofreremos danos, mas o rio sim”, disse Aristides.