Bairro Montese em São Fidélis está infestado de caramujos-africanos.

A alguns dias nossa equipe recebeu por uma rede social a denúncia  de uma moradora do bairro Montese, na rua Albertino Bonfim sobre uma infestação de caramujos.

GEDSC DIGITAL CAMERA‘’Boa noite, sou Lauana moradora do morro do Fábio e quero fazer uma denúncia: perto da minha casa está cheio de caramujos, nós moradores não sabemos identificar se é do tipo africano, já denunciamos mais nada foi feito. Por favor, nos ajudem pois temos várias crianças aqui na rua e eles já estão entrando em nossas casas’’.

Imediatamente nossa equipe foi até o local para ajudarmos os moradores que estavam indignados com a situação. Em entrevista a nossa reportagem,Lauana Carvalho de 18 anos nos contou que a pelo menos dois anos os moradores reclamam da grande quantidade de caramujos que estão sendo encontrados.

‘’Já procuramos a Defesa Civil, a Sanitária,já fomos a prefeitura e nada foi feito,temos muitas crianças e estamos com medo que esse caramujo seja o africano,além dos caramujos o mato nos terrenos particulares estão muito altos e nada podemos fazer’’. Contou Lauana.

Segundo o Centro de Vigilância Ambiental e Zoonose, a infestação acontece por conta da vegetação e do clima propício.

Ao chegarmos no local verificamos a situação  e percebemos que os morados estavam assustados e sem saber o que fazer para resolverem a situação.GEDSC DIGITAL CAMERA

Foram encontrados centenas de caramujos, muitos matos em terrenos particulares que estão abandonados, lixo, falta de iluminação e saneamento básico.

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Secretário de Meio Ambiente

Entramos em contato com o Secretário de Meio Ambiente, senhor Leandro Peixoto, que gentilmente nos respondeu dizendo que fará o possível para ajudar os moradores com o problema, também entramos em contato com o Secretário de Urbanismo, senhor Idelfonso Tito de Azevedo que nos explicou que deveríamos procurar a Defesa Sanitária para que juntos resolvessem o problema,então imediatamente procuramos a mesma e não obtivemos respostas.

Nossa equipe recolheu alguns caramujos para que fossem analisados por professores de biologia da Faculdade Centro de Educação a Distância do Estado do Rio de Janeiro (CEDERJ),após analisarem os caramujos ,os professores de biologia,senhores Adriano Albuquerque,41 anos e Renan Modesto, 28, analisaram o molusco e pelas descrições da infestação,da cor e do tamanho puderam afirmar que o caramujo encontrado no bairro Montese é da espécie Achatina fulica ( Caramujo-Africano)GEDSC DIGITAL CAMERA

O caramujo-africano é uma espécie considerada praga em diversos países no mundo todo. Foi introduzido ilegalmente no Brasil na década de 80, com o intuito de oferecer um substituto mais interessante economicamente e de maior peso que o escargot verdadeiro (Helix aspersa). Em pouco tempo de criação se verificou que o animal não tinha boa aceitação pelo mercado consumidor brasileiro, o que provocou a desistência da maioria dos criadores, que se desfizeram dos animais de forma errônea: liberando os caramujos em jardins, matas ou simplesmente colocando-os no lixo.

Estes caramujos não encontraram predadores naturais à sua altura e se multiplicaram rapidamente, invadindo diversos tipos de ecossistemas brasileiros. Como são hermafroditas (possuem os dois sexos em um mesmo animal) e realizam a autofecundação, basta apenas um indivíduo para que a praga se alastre, afinal são cerca de 400 ovos ano ao por caramujo.

O caramujo-africano é um molusco grande e escuro, com até 15 cm de comprimento e 200 gramas de peso. Sua concha é alongada e cônica, com manchas claras. Ele não deve ser confundido com os moluscos brasileiros. Os nativos aruás-do-mato (Megalobulimus sp) têm importante papel ecológico, além de servirem de alimento e como matéria prima no artesanato dos índios. Eles têm a borda da abertura da concha espessa, enquanto que o caramujo-africano tem esta borda cortante.
Os caramujos-africanos são conhecidos por serem hospedeiros de duas espécies de verminoses que acometem os seres humanos. A angiostrongilíase meningoencefálica, causada pelo Angiostrongylus cantonensis e angiostrongilíase abdominal, cujo agente é o Angiostrongylus costaricensis. Apesar da angiostrongilíase abdominal ser ocasionalmente diagnosticada no Brasil, geralmente ela está relacionada com outros hospedeiros, entre caracóis e lesmas, que não incluem o caramujo-africano. No entanto, estas doenças são bons argumentos para que o controle do caramujo-africano seja mais efetivo.

A invasão do caramujo-africano é atualmente muito mais relevante no aspecto ecológico do que no agrícola ou sanitário. Este caramujo está invadindo ecossistemas e ocupando um lugar que não é seu. Reduzindo assim a diversidade de espécies. Além de devorar folhas, flores e frutos, causando um enorme estrago em plantas de importância agrícola, ornamental e ecológica ele também é canibal, alimentando-se de ovos e jovens caracóis de sua mesma espécie, como forma de obter cálcio para sua concha em ambientes com escassez deste elemento.

Este caramujo é resistente a períodos de seca, além de ser bastante ativo no inverno. Como outros caracóis, ele aprecia a umidade e a sombra, se locomovendo e se alimentando mais à noite e em dias nublados e chuvosos. É capaz de escalar muros e árvores e desta forma transpor de um terreno a outro.

Ao se depararem com infestações de caramujo-africano, as pessoas logo pensam em venenos para controlá-los. Infelizmente os caracóis e lesmas em geral são muito resistentes a venenos e os únicos produtos comerciais disponíveis que se mostram um pouco eficientes (metaldeídos), demonstram elevada toxicidade para os seres humanos e outros animais, de forma que a utilização de pesticidas não é o método de controle atual mais indicado para estes moluscos.

As pesquisas de substâncias eficientes têm se revelado muito importantes neste sentido. A cafeína por exemplo, estudada pelos americanos Robert Hollingsworth, Jonhn Armstrong e Earl Campbel apresenta resultados interessantes.

O controle do caramujo-africano consiste na catação e destruição dos caramujos. Jamais os coloque no lixo, pois estará disseminando o problema. Também não coloque sal nos animais, pois assim contaminará o solo. O preconizado é o seguinte:

  • Utilize luvas descartáveis para pegar e manusear os animais
  • Proteja a pele e as mucosas: não coma, fume ou beba durante o manuseio do caramujo
  • Coloque os caramujos em dois sacos plásticos e quebre suas conchas, pisando em cima
  • Enterrem-os em valas com pelo menos 80 cm de profundidade, longe de cisternas, poços artesianos ou do lençol freático.
  • Aplique cal virgem sobre os caramujos quebrados (cuidado, a cal queima a pele)
  • Feche a vala com terra
  • Retire as luvas e lave muito bem as mãos após isso

É possível também utilizar iscas atrativas, que facilitam a catação. Papas de farelo de trigo com cerveja atraem caramujos a metros de distância. Cascas de frutas e legumes, estopas embebidas em cerveja ou leite, assim como simples pedaços podres de madeira que lhes servem de abrigo. Verifique as iscas diariamente e não se esqueça de protegê-las da chuva e do sol. Coloque-as em locais úmidos e frescos. Preferencialmente sobre a terra. Manter o jardim limpo de folhas mortas e frutos caídos também irá afastar os bichos, e desta forma ainda estará prevenindo outras doenças e pragas, como podridões de origem fúngica e bacteriana, moscas das frutas, etc. Não esqueça: as pragas só vivem e se multiplicam onde lhes é oferecido abrigo, comida e água.

 

 

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