Após novas denúncias de moradores, Polícia Ambiental flagra desmatamento em Cambuci

Moradores estão preocupados com o aumento de registro de enxurradas e cabeças d'água que vem atingindo o Valão Dantas. Para o ambientalista Arthur Soffiati, o aumento desses fenômenos tem sim relação com o desmatamento, além das mudanças climáticas

Moradores de Cambuci, no Noroeste Fluminense, vem denunciando, há mais de um ano, ações de desmatamento na região de Monte Verde, na região serrana do município. Os moradores estão preocupados com o aumento de registros de enxurradas e cabeças d’água que vem atingindo o Valão Dantas, que nasce na região de Monte Verde e desce em direção ao município, formando a cachoeira do Parque Aquático e passando pelo perímetro urbano. Só em janeiro deste ano, duas cabeças d’água foram registradas no Valão Dantas, que consequentemente aumentaram o nível da cachoeira e inundou o parque. O fenômeno também havia sido registrado em dezembro do ano passado.

Segundo o ambientalista Arthur Soffiati, o aumento desses fenômenos possui sim ligação com o desmatamento na região serrana de Cambuci. “Sem dúvida. De fato, as enchentes nesse valão estão se tornando cada vez mais volumosas e destruidoras, tanto pelo aumento das chuvas (decorrentes das mudanças climáticas) quanto do desmatamento, que não retém parte das águas. A serra do Monte Verde era coberta de matas. Elas foram derrubadas. O resultado é esse: enchentes com as chuvas e seca com as estiagens”.

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O ambientalista também alerta que se os desmatamentos continuarem naquela região, as enxurradas serão mais severas em tempos de chuvas e as estiagens intensas em épocas de seca. “Em tempos de chuvas, cada vez mais volumosas, as enxurradas serão mais severas e as inundações da cidade mais destruidoras. Muita terra será deslocada pelas chuvas para dentro do valão, aumentando o assoreamento dele e do Rio Paraíba, onde desemboca. Em tempos de seca, a umidade do solo será menor, acarretando estiagens intensas. As casas construídas na parte baixa e na parte alta correrão riscos de desabamento”, alerta o ambientalista. Em seu livro “Dez anos de enchentes e estiagens”, Arthur Soffiati cita relatos de uma visita que fez a Cambuci em 2013, quando o município sofreu com uma das enchentes provocadas pelo Valão Dantas, mostrando históricos de desmatamento e intervenções no valão.

Nesta quinta-feira (03), após novas denúncias feitas por moradores ao Programa Linha Verde, policiais da 3ª Unidade de Policiamento Ambiental do Parque Estadual do Desengano voltaram a região de Monte Verde e flagraram desmatamento de uma área com 150 mil metros quadrados na estrada que liga Cambuci a Monte Verde. Segundo os policiais, no interior de uma fazenda foi encontrada uma área de vegetação de características nativas, contendo árvores em estágio médio e avançado de regeneração natural.

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Durante a fiscalização os agentes perceberam que no terreno existiam grandes valas feitas por trator para enterrar a vegetação e madeiras derrubadas. Duas pessoas estavam no local, uma efetuando plantação de capim e a outra, fazendo manutenção de uma máquina esteira, mas os policiais da 3ª UPAm também localizaram um trator de pneu. Os homens disseram aos PMs que foram contratados pelo dono do terreno, que mora em Minas Gerais, e que desconheciam a existência de qualquer documentação necessária para aquele tipo de intervenção no terreno. Os dois homens foram levados para a delegacia, onde o caso foi registrado com base nos artigos 38 e 48 da lei de crimes ambientais. Em agosto do ano passado os policiais já haviam encontrado uma área com cerca de 15 hectares totalmente degradada na região da serra de Monte Verde.

Vale frisar que nas regiões Norte e Noroeste do Estado, a população pode denunciar crimes ambientais ao Programa Linha Verde, através dos telefones 0300 253 1177 (custo de ligação local) e (21) 2253 1177, ou ainda pelo aplicativo “Disque Denúncia RJ”. Em todos os canais, o anonimato é garantido ao denunciante.

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