Prefeito de Itaocara e ambientalista falam sobre impactos da usina

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Fotos: Matheus Almeida

Nos últimos dias o SF Notícias publicou matérias falando sobre a construção da usina hidrelétrica de Itaocara, pelo Consórcio UHE Itaocara. Nas produções das duas matérias que foram publicadas, nossas equipes conversaram com o diretor do consórcio, Luiz Carlos Amarilho, e o coordenador RIO PARAÍBA ITAOCARA 4ambiental, Mário Trento.

Nessas matérias, mostramos o que vai ser a usina, os impactos positivos de acordo com o consórcio, o funcionamento, geração de emprego e a área que irá ser atingida, inclusive, com a remoção de pessoas dessas áreas. Hoje, vamos mostrar o que um RIO PARAÍBA ITAOCARA 3ambientalista disse sobre o projeto, assim como o prefeito e pescadores de Itaocara.

Segundo o ambientalista Aristides Soffiati, cada vez mais, os ecólogos concluem que as barragens em rios, sejam quais forem os motivos, acarretam impactos ambientais graves. Uma barragem muda o ciclo hídrico, acumulando água atrás de si, diminuindo o fluxo adiante. Assim, forma-se um lago na retaguarda e a vazão se reduz na vanguarda. Terras são inundadas e afogam ecossistemas terrestres, lavouras, pastagens e até cidades. As barragens no leito de um rio interrompem o circuito de animais migratórios, como peixes e crustáceos, podendo acarretar a sua extinção. Assim, a pesca fica afetada também.

Aristides disse também, que já existem estudos demonstrando que as diversas barragens no Rio Paraíba do Sul para geração de energia elétrica, para reservar água e para favorecer transposições são as principais responsáveis pela situação do Rio Paraíba do Sul, que se transformou numa espécie de fila indiana de espermatozoides: um rabinho e uma bolinha ligado a rabinho e a outra bolinha. Na realidade, o Paraíba do Sul é hoje uma sequência de cursos d’água com lagos formados por barragens. Florestas foram inundadas, terras férteis e cidades foram engolidos por esses lagoa. A represa da usina vai causar esses impactos e agravar o processo de extinção de animais como a Lagosta-de-São Fidélis. Por outro lado, a retenção de água na represa diminuirá mais ainda a vazão do rio no estirão abaixo dele, agravando os efeitos nefastos em sua foz, onde o mar está avançando rio acima e erodindo a costa de Atafona.

“O Paraíba do Sul não mais comporta barragens para qualquer fim. O governo federal deveria efetuar um estudo sobre o potencial energético dos ventos e do sol na região para oferecer às empresas de energia opções ecológicas de geração. A bacia do Paraíba do Sul -rio principal e afluentes- não comporta mais nenhum tipo de barragem”, concluiu o ambientalista.

usina itaocara projeto 5Mais existe a possibilidade de que seja construída uma nova barragem no Paraíba, em nossa região. Em nota enviada para nossa redação, a ANA – Agência Nacional das Águas, informou que emitiu até o momento, quatro Declarações de Reserva de Disponibilidade Hídrica (DRDHs) em usinas hidrelétricas no Rio Paraíba do Sul, sendo elas, PESCADOR 1Simplício, Itaocara I, Barra do Pomba e Cambuci. Destas, apenas a UHE Simplício já se encontra em operação, as demais não tiveram as obras iniciadas. As UHEs Cambuci e Barra do Pomba ficam a jusante da UHE Itaocara.

Não há no momento nenhum pedido de DRDH, ou seja, de pescador itaocaraestudos ou projetos para a construção de nova UHEs no Rio Paraíba do Sul, mas existe sim, a possibilidade de nova usinas. Uma delas seria construída nesse trecho, onde o lápis está na foto, acima que será construída em Itaocara.

Percorrendo alguns pontos pelas margens do Rio Paraíba do Sul, em prefeito itaocara 3Itaocara, nossa equipe encontrou com alguns pescadores, e todos eles, se mostraram preocupados com o início da construção da barragem. Eles não quiseram se identificar, mas todos são contra a obra, e temem o pior, a diminuição no número de peixes, prejudicando assim, o sustento deles.

Esse pescador por exemplo, voltou com apenas quatro peixes, o suficiente apenas para o almoço. Bom, o consórcio disse que firmou uma parceira com uma universidade, e a mesma, irá acompanhar de perto, a vida de cada pescador, para assim, definir o valor da indenização; mas será que dinheiro vale mais que no nosso ecossistema ?

Por fim, encontramos com o prefeito de Itaocara, Gelsimar Gonzaga. No começo da conversa o prefeito ficou “em cima do muro”, dizendo não saber se o projeto irá ser bom ou ruim, mas em seguida, afirmou que irá sim, prejudicar o meio ambienta.

Gelsimar disse ainda que qualquer obra de grande estrutura, trás grandes impactos, mas que a prefeitura irá apoiar os pescadores. Ele disse que nenhum projeto ainda foi feito, pois o consórcio ainda não discutiu com a prefeitura, o que será oferecido aos pescadores.

O prefeito concluiu a conversa dizendo que a Secretaria Municipal de Meio Ambiente do município, já está planejando algo em relação à usina. Reveja outras matérias sobre a usina.

Obras da usina hidrelétrica de Itaocara começam em janeiro

Usina de Itaocara: consórcio fala sobre impactos na região

 

PONTO ITAOCARA RIO PARAÍBA

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