Jovem fidelense lançará livro de poesias no dia 03 de dezembro

1A partir do dia 03 de dezembro, São Fidélis terá, oficialmente, mais uma poeta com obra registrada. Na data será lançado o livro “Traços da Alma”, que tem 10 das várias poesias – algumas delas premiadas – escritas pela jovem Carla Mangueira, de 18 anos, que tem uma coluna no jornal Registro Cultural e, recentemente, foi empossada na Academia Fidelense de Letras. O lançamento acontecerá às 20h, em um evento na Cantina Di Norma. Os livros serão vendidos por R$ 7,00.

– Meu livro é uma versão bem diferente da que estão acostumados. Quem acompanha minha coluna no Registro Cultural conhece bem minha acidez pra tratar o tema base da mesma (política, sociedade e feminismo). Eu procurei colocar nesse livro uma versão bem intimista, algo mais doce, sensível, mas não menos crítico. “Traços da Alma” mostra uma face que nem todos conhecem. Isso pode ser bem surpreendente. – contou Carla, em entrevista ao SF Notícias.

Com apenas 18 anos, Carla escreve desde cedo, e foi ainda mais estimulada a lançar o livreto após ser incluída na AFL. No seu primeiro livro, ela optou por diversificar os temas, mostrando a evolução de suas visões e pensamentos, além de facilitar com que mais pessoas possam se identificar com algum dos poemas.

– Eu digo que é o meu filho (risos). Estou muito feliz com tudo isso e ansiosa também. Sempre tive uma boa recepção quanto aos meus artigos nesses três anos de coluna e espero que o mesmo ocorra com as poesias. Estou muito ansiosa para saber o que as pessoas têm a dizer. Eu optei por não direcionar um tema somente para as dez poesias. Ela seguem uma linha de evolução pessoal, digamos assim. A poesia que abre o livro é “Capitolina”, uma releitura bem poética de Dom Casmurro, meu primeiro poema classificado em festival, e ele termina com “Ruas”, que ganhou o segundo lugar no último festival de poesias daqui, que ocorreu em setembro. Nesse recheio, digamos assim, existem poemas que são verdadeiros desabafos, outros que são manifestos, pensamentos… Acho que todo leitor vai ter a chance de se identificar com algum escrito ao folhear o livreto. Procurei deixar o livro bem leve, mas não menos crítico – afinal, não posso perder minha “marca registrada”. Quem observar, perceberá que ao longo dessas poesias existe uma evolução não só da estrutura poética, mas também de quem a escreve. – disse a autora.

3Antes de entrar na Academia Fidelense de Letras e ter seu trabalho mais conhecido na cidade, Carla já sofreu ‘bullying’ por ter estrabismo, um desalinhamento dos olhos. Na época, ela chegou a falar sobre o tema em um post no seu facebook, e fez um poema em forma de desabafo. Hoje mais madura, a jovem escritora fidelense aceita a diferença com mais naturalidade, mostrando que o desvio dos olhos não a deixou menos bonita ou talentosa.

– Fiz uns versos há um tempo sobre isso. Quando eu era criança foi bem difícil, não só pelo preconceito, mas principalmente pela dor de cabeça cansada pelo estrabismo. O preconceito só existe pela falta de informação. Só 4% da população mundial é estrábica, isso acaba segregando um pouco as informações e fazendo com que a população não se informe. Quando cresci, acabei aprendendo a lidar melhor com tudo isso. Claro que ainda tenho aqueles lapsos de “ah, sou estrábica, que droga…”, quando gravo vídeos, gravo só a metade do rosto… Por mais que haja a aceitação, traduzir isso é muito difícil, ainda mais por todo o questionamento que surge. “Ah, por que seus olhos são assim?” “Pra onde você está olhando?”. Bom, eu tenho estrabismo. E mesmo que incomode, é isso que me faz diferente. A qualquer pessoa que sofre preconceito, digo apenas uma coisa: se ame do jeito que é, porque não existe ninguém no mundo como você. As pessoas que apontam o dedo para seus “defeitos” – que não são defeitos – não nutrem amor por si mesmas. Olhe para você e se sinta único/única, porque você é. Sou especial por ter estrabismo, hoje entendo isso. Pode ser que eu demore até conviver em paz com isso, mas repito sempre pra mim mesma: eu sou especial por ter estrabismo. – finalizou Carla Mangueira.

O poema sobre o estrabismo não está entre os selecionados para “Traços da Alma”, pois Carla o descreve como um “desabafo poético”. Porém, foi disponibilizado para incrementar a matéria sobre o lançamento do livro. Afinal, nada descreve um poeta tão bem quanto sua obra. Leia:

“Olha para mim,
Olhe pra dentro de mim.
Vá além do que os olhos podem ver.
Traduza minha alma a partir do meu ser,
e não para onde meus olhos vão ao te ver.
Nessa vida paralela, 
ser estrábica é coisa de Cinderela.
Não sou um monstro, to mais pra Anabela,
e teu preconceito não passa de balela.
Olhe pra mim.
Olhe pra dentro de mim.
Porque meus olhos são apenas detalhes.
Tem muito mais por trás desses globos oculares.
Me deixa enxergar a vida assim,
estrábica .
Me deixa achar que a rota não está tão
exata.
Me deixa ser quem eu sou,
e olhe pra dentro de mim.
Nunca foi pecado ser tão diferente assim.”

– Carla Mangueira.

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